São Paulo, segunda-feira, 19 de dezembro de 1994
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Brasileiro usa menos o talão de cheques

RODNEY VERGILI

Média do uso cai 12% de agosto a outubro; cresce número de inadimplentes no crediário feito com pré-datados
O brasileiro está usando menos o talão de cheques para pagar suas contas após o Plano Real, deixando mais dinheiro no bolso. A utilização dos cheques passou a ser feita para pagamentos de valores maiores.
A média de cheques compensados no periodo agosto a outubro caiu 12% em relação ao mesmo período do ano anterior, segundo a Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). O valor médio dos cheques emitidos cresceu de R$ 335,77 em julho para R$ 384,05 em outubro.
Elcio Anibal de Lucca, presidente de Serasa (Centralização de Serviços dos Bancos), diz que as pessoas tendem a usar mais o dinheiro para seus pagamentos com a moeda forte, reduzindo a emissão de cheques de pequeno valor.
Os cheques acima de R$ 60,00 representavam em julho último apenas 10% do volume total de cheques compensados e em outubro passaram a participar com 40% , diz Jorge Higashino, diretor de Febraban.
Sem Fundos
Os dados da Febraban e da Serasa mostram, também, que em cada mil cheques emitidos um era sem fundo em junho de 94, passando a ser de dois em novembro.
O crescimento da emissão de cheques sem fundo após o Plano Real pode ser explicado pelo uso do crediário com base em pré-datados, sem os devidos cuidados em relação à procedência dos cheques recebidos, diz Gregório Robles Navas, diretor da Serasa.
Segundo ele, o número de cheques sem fundo é ainda, no entanto, pouco "significativo" em comparação com outros países.
Sistema rápido
A histórica presença de altas taxas de inflação no Brasil fez com que o país acabasse possuindo o sistema mais rápido em termos mundiais de compensação de cheques.
A compensação é realizada em 24 horas para cheques de valor igual ou superior a R$ 90,00 e em 48 horas para cheques de valor menor do que R$ 90,00.
Está situada em São Paulo também a maior câmara de compensação do mundo, afirma Jorge Higashino, da Febraban.
Em números globais de cheques emitidos o Brasil é o segundo colocado perdendo apenas para os Estados Unidos.
Os serviços de compensação processam a cada dia útil no Brasil, em média, 15 milhões de cheques, que equivalem a um peso de 18,78 toneladas.
Se esses cheques compensados por dia fossem enfileirados formariam uma "estrada" correspondente a seis vezes a distância entre as cidades de São Paulo e Rio de Janeiro.
A emissão de cheques está relacionada à importância econômica da região: o Estado de São Paulo é responsável por 40% do total de cheques emitidos no país; Rio de Janeiro por 10% e Distrito Federal por 2,54%
Maior emissão
De acordo com dados da Serasa, as praças de maior emissão de cheques sem fundo no Brasil foram em outubro (último dado disponível): Chapadinha (MA) com 10,09% do total de cheques emitidos; Bacabal (MA) com 6,96%; Colinas (MA) com 6,88%; Oriximina (PA) com 5,83%; Brasileia (AC) com 5,50%; Irece (BA) COM 4,80% e Santana (BA) com 4,40%.
Os locais que emitem menos cheques sem fundos no Brasil, segundo o levantamento da Serasa, são: Paranaiba (MS) com 0,19% do total de cheques emitidos; Ipueiras (CE) com 0,29%; Coari (AM) com 0,36%; Costa Rica (MS) com 0,38%; Montalvania (MG) com 0,40%; São José do Rio Preto (SP) com 0,41%; Paranatinga (MT) com 0,42%; Colider (MT) com 0,42% e Araçatuba (SP) com 0,43%.

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