São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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Bando invade delegacia no Rio e mata dois

SÉRGIO TORRES

Erramos: 21/12/94

Diferentemente do que informa este quadro, o grupo que invadiu a 24ª Delegacia de Polícia do Rio de Janeiro matou um motorista da Secretaria da Saúde que trabalhava no distrito, e não um policial. A segunda pessoa morta na ação, um morador do bairro, não estava registrando queixa.
Bando invade delegacia no Rio e mata dois
Um bando de 25 a 30 encapuzados invadiu a 24ª Delegacia de Polícia, em Piedade (zona norte do Rio), matou dois homens, feriu outro, mas fracassou na tentativa de libertar os 34 presos.
A invasão ocorreu às 23h de anteontem. Foi uma "operação de guerrilha", qualificou o delegado-titular Nemésio Vidal, 52.
Antes da invasão, o grupo interditou a rua Goiás –onde fica a delegacia– e o vizinho viaduto de Quintino. A cabine da Polícia Militar do bairro foi atingida por tiros durante o ataque à DP.
Os policiais não reagiram. Na hora, só três dos seis plantonistas estavam na DP. A delegada-adjunta Leila Quintanilha disse que jantava em casa. Também teriam saído para comer o detetive Aloísio Joaquim e um carcereiro.
Na DP, estavam o detetive Sérgio Barbosa, o escrivão Fernando Pinto e um outro carcereiro.
Barbosa, 34, disse que os encapuzados chegaram atirando. Foram atingidos por tiros de fuzil AR-15 e morreram na entrada da DP Ricardo Gonzales Bruno, 29, e Valmir Batista dos Santos, 51.
Santos era motorista da Secretaria de Saúde, mas trabalhava na 24ª DP, disse à Folha a viúva Maria dos Santos. Bruno conhecia os policiais e costumava todas ir à DP conversar, segundo Barbosa.
O escrivão levou um tiro de pistola nas costas, mas não corre risco de vida, segundo o hospital Salgado Filho. Barbosa disse que estava sem arma e se escondeu atrás de um balcão. O carcereiro fugiu para dentro da DP.
Os invasores foram até a carceragem, em prédio anexo, mas não conseguiram abrir o portão de ferro. O bando desistiu e foi embora.
Duas hipóteses são investigadas: ou o grupo queria libertar algum preso ou se vingar de policiais.
O delegado disse que não há na DP nenhum "chefão" de grupos criminosos, o que reforça a segunda hipótese. Na DP, 34 presos dividem três celas.
Três carros usados na fuga foram abandonados no bairro. Um Verona bateu em carro da PM. Os ocupantes fugiram a pé. Dentro do Verona havia uma granada e três carregadores de fuzil AR-15. Na granada estava escrito CV, sigla de Comando Vermelho.

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