São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994 |
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Projeto quer mudar bancos de ônibus
VICTOR AGOSTINHO
Este projeto ganhou o primeiro prêmio de design num concurso promovido pela Remantec, no qual se inscreveram 150 profissionais. Participaram da escolha do projeto, Ruy Ohtake, Rogério Batagliese e Guinter Parschalk, entre outros. Em janeiro, os desenhos que estão com a CMTC também serão analisados pelo Instituto Europeu de Design, de Milão, na Itália. O arquiteto Marcio Mazza, 46, autor da proposta, batizou o banquinho de "sencosto" (uma mistura das palavras sentado e encostado). Segundo ele, "é muito mais confortável viajar de ônibus 'sencostado' do que de pé". Mazza conta que desenhou o "sencosto" depois de observar que o paulistano vive comendo de pé, trabalhando de pé e, quando volta para casa, é transportado de pé. "Pelo menos agora as pessoas poderão andar nos ônibus com algum conforto, de uma maneira mais digna", afirmou. O presidente da CMTC, Francisco Christovam, 41, disse que o projeto de Mazza é "revolucionário" e que pode vir a se adequar às viagens curtas. "O ideal seria preparar um veículo e testá-lo durante algum tempo. Seria bom ver o que a população acha de viajar nos banquinhos. É uma pena que a CMTC não tenha frota para testar idéias novas", disse. A proposta de trocar as cadeiras convencionais por bancos fez com que se abrisse mais espaço dentro do ônibus e, com isso, fosse encaixada mais uma fileira de assentos. Algumas cadeiras com encosto para idosos, grávidas e portadores de deficiência física foram mantidas no desenho de Mazza. O arquiteto idealizou o projeto para um modelo de ônibus onde, de forma tradicional, viajam 44 passageiros sentados e 31 em pé. Com a otimização do espaço, viajarão nove passageiros sentados (as cadeiras especiais, com encosto), 68 "sencostados" e nenhum em pé. No corredor ficarão apenas as pessoas que estão entrando ou saindo do ônibus. "A lotação máxima de um ônibus, definida por lei, é 75 passageiros. O meu projeto leva 75 pessoas de um jeito mais descansado", acredita Mazza. Os materiais usados no "sencosto" são quase os mesmos dos empregados nos bancos comuns –fibra de vidro e ferro. A diferença fica na mola para permitir molejo aos passageiros e também para amortecer os trancos do ônibus. Segundo Mazza, depois de apresentar o "sencosto" em Milão, a idéia é desenvolver um ônibus-piloto para circular em São Paulo num período de testes. O arquiteto já conta com a autorização da CMTC para o teste. Texto Anterior: Prédio reunia artistas Próximo Texto: SP ganha novo tribunal para pequenas causas Índice |
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