São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Luxemburgo alega desgaste e deve treinar o Flamengo

ARNALDO RIBEIRO
DA REPORTAGEM LOCAL

A permanência de Mustafá Contursi na presidência do Palmeiras por mais dois anos –ele é candidato único na eleição que ocorrerá no dia 28 de janeiro– deve provocar a saída do técnico Wanderley Luxemburgo do clube.
Alegando "desgaste", "falta de condições ideais de trabalho" e de um "reconhecimento maior" por parte de Contursi, Luxemburgo está disposto a aceitar o convite feito pelo novo presidente do Flamengo, Kléber Leite.
No clube carioca, Luxemburgo teria "carta branca" para supervisionar todas as categorias de futebol durante os dois anos de gestão da nova diretoria.
Uma autonomia que só Telê Santana tem hoje no São Paulo.
"Este é um antigo projeto meu e até agora não consegui implementá-lo no Palmeiras por falta de interesse de parte da diretoria", lamentou o treinador.
O diretor de esportes da Parmalat, José Carlos Brunoro, e o vice-presidente de futebol, Seraphim del Grande, tentariam convencer Luxemburgo a ficar na reunião que teriam com ele ontem.
Os dois dirigentes são os maiores aliados do técnico no clube.
"Vamos fazer o Wanderley pesar tudo o que ele fez no Palmeiras até agora e a perspectiva de novas conquistas, como a Libertadores. Ele tem que entender que não existe unanimidade em lugar algum", disse Del Grande.
"O pensamento de toda a diretoria de futebol é mantê-lo no Palmeiras", afirmou Brunoro.
Mas a falta de sintonia com o presidente Contursi pode realmente emperrar qualquer esforço para a permanência do treinador.
Wanderley Luxemburgo não esquece que o dirigente, na época exercendo o cargo de chefe da delegação brasileira na Copa do Mundo, afirmou que "ele não seria o técnico ideal para a seleção."
"Vou levar em conta todos os fatores. Os títulos que ganhei contam muito, mas é duro perceber que tudo o que eu quis mudar no Palmeiras há um ano continua a mesma coisa", disse Luxemburgo.
Por trás do interesse de se transferir para o Flamengo, existe o desafio de reerguer o futebol carioca. "Com o Flamengo forte, os outros clubes precisariam se mexer", diz.
O desejo de conviver de perto com sua família (que mora no Rio) e a perspectiva de receber um convite para dirigir a seleção brasileira dentro de alguns anos também vão contar em sua decisão.
"No fundo o que eu sempre quis é mudar o futebol para melhor. E preciso de condições para isso", afirmou Luxemburgo.
O treinador já trabalhou uma vez no Flamengo em 1991. Saiu porque os diretores também não lhe deram totais garantias de trabalho.

Texto Anterior: Frangosul faz hoje com Telesp jogo de invictos
Próximo Texto: 'Aprendi a assimilar as críticas', diz Velloso
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.