São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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País sai da crise e direita sobe nas pesquisas

HUMBERTO SACCOMANDI
DA REPORTAGEM LOCAL

A Itália mergulha numa crise política justamente quando o país atravessa sua melhor situação econômica dos últimos anos.
"A projeção de crescimento para os próximos 12 meses é de 8%", afirmou à Folha Roberto Confalonieri, membro do CNEL (Conselho Nacional da Economia e do Trabalho), principal órgão consultivo do governo italiano.
É uma taxa insólita para os padrões europeus, mais comum nos países do Sudeste Asiático.
Segundo ele, o nordeste do país é o principal responsável pela retomada, acompanhado pelo resto da região norte e pela região central, que estão operando com toda sua capacidade produtiva.
O sul, menos desenvolvido, está com a produção estagnada, segundo o CNEL. Isso preocupa o governo italiano, pois pode aumentar as grandes diferenças regionais já existentes.
"A crise política, porém, pode prejudicar o crescimento", disse Confalonieri. Segundo ele, a incerteza quanto a um novo governo tende a gerar instabilidade no mercado financeiro italiano.
A queda do premiê Silvio Berlusconi e a subsequente crise de governo parecem inevitáveis.
O premiê tenta cooptar deputados da rebelde Liga Norte, mas não conseguiu ainda o número suficiente para manter-se no poder.
Existem quatro possibilidades de desfecho para a crise:
1. Um governo "Berlusconi 2", provavelmente com a mesma composição parlamentar. Neste caso, a crise serviria para mostrar ao premiê a força da Liga Norte.
2. Um governo transitório do presidente Oscar Luigi Scalfaro. Neste caso, os italianos provavelmente seriam convocados a eleger um novo Parlamento em abril, junto com as eleições regionais.
3. Eleições antecipadas imediatas. Esta hipótese desagrada a quase todos os partidos. Só ocorrerá se não houver opção.
4. Um governo alternativo, com a atual oposição e a Liga Norte. Mas é muito difícil compor uma maioria juntando desde a extrema esquerda até a direita.
Caso haja eleições antecipadas, os institutos de pesquisa têm detectado uma provável transferência de votos para a direita. Berlusconi poderia ser beneficiado. A Aliança Nacional, de extrema direita, que tem pouco mais de 8%, poderia chegar a quase 20%.
Essa possibilidade aterroriza os partidos de centro e esquerda e moderado presidente Scalfaro.

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