São Paulo, terça-feira, 20 de dezembro de 1994
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Vitória do profissionalismo

As paixões que o futebol desperta farão com que o bicampeonato brasileiro conquistado domingo pelo Palmeiras seja atribuído, pelos adversários corintianos, ao juiz ou aos gols perdidos na primeira partida das finais, na quinta-feira.
Os palmeirenses louvarão, como já o fizeram no domingo, a suposta genialidade do jogador Edmundo ou a sorte de Rivaldo, autor de três dos quatro gols palmeirenses nas duas partidas finais.
Desta vez, no entanto, a realidade é menos passional e mais palpável. O grande responsável pelo resultado foi o profissionalismo implantado pela associação entre a Sociedade Esportiva Palmeiras e a multinacional Parmalat.
Só assim se explica o fato de o Palmeiras ter conquistado, nos dois anos do acordo com a Parmalat, os quatro títulos colocados em disputa (dois paulistas e dois brasileiros).
Esse tipo de associação permitiu ao Palmeiras contratar jogadores de alto nível, o que se reflete no fato de serem desse clube cinco dos atletas considerados os melhores do campeonato em enquete promovida por esta Folha.
Não é também acaso que o São Paulo Futebol Clube tenha sido, antes do Palmeiras, um campeão contumaz. Trata-se de um clube que, tradicionalmente, goza de padrões organizacionais superiores à média do futebol brasileiro.
O Corinthians e seu vice-campeonato entram na história como a cota de paixão, que, felizmente, permanece inerente ao esporte.
É de se esperar que o exemplo de profissionalismo se espalhe, agora, por toda a estrutura do futebol brasileiro, ainda o território livre de amadores. O calendário deste ano, em que o Grêmio Porto-Alegrense chegou a disputar três partidas, de três diferentes competições, em um único dia, é o contra-exemplo, a demonstração da improvisação, que não pode conviver com o negócio em que o esporte também se transformou.
Não se pretende desterrar as emoções, mas apenas que elas se exercitem nos espaços correspondentes: arquibancadas e campos.

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