São Paulo, sexta-feira, 23 de dezembro de 1994
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Fórmula 1 em São Paulo

JÚLIO SERSON

São Paulo se transformou ao longo dos anos na grande referência dos eventos de porte do país. Apesar das perdas sofridas pela capital paulista com a ampliação da rede hoteleira do Nordeste e a canalização de muitos eventos para a região, esta posição vem se mantendo.
Temos ainda o mais intenso e importante calendário de eventos da América Latina, onde, entre muitos destaques, está a etapa brasileira do Campeonato Mundial de Fórmula 1, que acontece no Autódromo de Interlagos. Pois bem, estamos arriscados a perder, mais uma vez, para o Rio de Janeiro, este grande evento que abre o campeonato mundial.
O contrato com a Prefeitura está se esgotando e, por questões burocráticas, não foi possível, até o momento, renová-lo. A se confirmar tal perda, o turismo paulista sofrerá imenso abalo. O fluxo de negócios para o setor de turismo e hospedagem já se tornou tradicional no início de janeiro. O índice de ocupação dos hotéis de categoria atinge taxas excelentes e com reflexos positivos por toda a infra-estrutura de lazer e alimentação instalada na capital.
O que está em jogo não é apenas a ameaça de perda de um evento espetacular, mas a própria estabilidade do fluxo turístico e de negócios de uma das principais cidades do mundo. Por sua importância econômica, política e cultural dentro do Brasil e do próprio continente, é inadmissível que a política de incremento ao turismo de São Paulo fique ao sabor de entraves burocráticos e de técnicos insensíveis.
Temos consolidados grandes eventos, que já se fixaram como marcas indeléveis da cultura paulistana. O Salão do Automóvel, a Fenit, a Fenasoft, a Mostra de Cinema do Masp e a Bienal Internacional, entre outros, funcionam como verdadeiras alavancas que conferem à São Paulo não só uma extraordinária visibilidade internacional, mas também o impulso tão necessário ao incremento turístico de nosso país. Sem eventos de porte, o setor amargaria uma pesada retração de negócios, com prejuízos diretos para o setor de serviços e imagem institucional da cidade e do Brasil.
Vale observar também que, nos últimos dez anos, não tivemos mecanismos governamentais e instrumentos fortes que buscassem a multiplicação de eventos e convenções profissionais para a cidade.
Numa metrópole como São Paulo, qualquer estratégia para incrementar o fluxo turístico deve passar obrigatoriamente pela revitalização do calendário de eventos. Mais do que isso, deve ocorrer uma participação mais estreita da indústria e comércio locais com a administração pública e entidades ligadas ao turismo para alcançarmos eficácia em ações promocionais e de marketing.

JULIO SERSON, 32, empresário, é membro da Associação Brasileira da Indústria de Hotéis (ABIH-SP) e vice-presidente dos Hotéis Vila Rica.

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