São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 1994 |
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Cientistas brasileiros criam cana transgênica
JOSÉ ALBERTO GONÇALVES
Esta tecnologia vai permitir, num futuro próximo, obter variedades de cana imunes a pragas e doenças, reduzindo os gastos dos produtores com controle biológico e agrotóxicos. Também deverá acelerar o desenvolvimento de novas variedades, que pelos cruzamentos genéticos clássicos demanda mais de dez anos. Pragas como a broca e doenças como amarelinho, mosaico e ferrugem chegam a provocar quebras de até 40% na produção de cana-de-açúcar. Através de técnicas de engenharia genética, os cientistas inseriram genes novos dentro do material genético da cana. Os genes inseridos foram retirados de bactérias resistentes a um herbicida. Eugênio Ulian, chefe de biologia molecular do CTC, diz que o centro usou um gene resistente a herbicida porque o êxito do experimento é de fácil constatação. No início de outubro passado, mudas de cana foram bombardeadas com os genes. Os pesquisadores utilizaram uma espécie de canhão (veja foto abaixo, à dir.). Os genes estavam ligados a partículas de um metal, o tungstênio, que serviram como veículo de transporte. Levadas para crescer na estufa do CTC, as plantas foram pouco depois pulverizadas com o herbicida. No início de novembro, os cientistas comprovaram visualmente a obtenção das plantas transgênicas. Eram as plantas que não morreram nem tiveram seu crescimento inibido pela ação do herbicida. Ou seja, as plantas que de fato incorporaram o gene e ficaram resistentes ao herbicida. Ulian só teve certeza do êxito da transferência genética após a análise do DNA das plantas, feita no final de novembro. Comprovada a eficácia do modelo, o CTC planeja iniciar testes com toxinas de bactérias eficientes no combate à broca da cana. As que se mostrarem mais eficazes terão seus genes introduzidos no material genético da cana. O objetivo será a obtenção de plantas imunes à broca. Atualmente, para combater a praga em toda a área de cana do país, seria necessário gastar mais de US$ 7 milhões por ano. A Copersucar participa de um consórcio internacional de biologia molecular de cana-de-açúcar. Uma das principais metas é elaborar um mapa genético da cana. EUA e Austrália já dominam a técnica da cana transgênica. O setor de cana, açúcar e álcool movimenta no Brasil cerca de US$ 6,5 bilhões por ano. Texto Anterior: Polícia liberta empresário após dez dias de sequestro Próximo Texto: Lei para genética aguarda sanção Índice |
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