São Paulo, sábado, 24 de dezembro de 1994
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Preço da carne cai menos para consumidor

MARISTELA MAFEI
ESPECIAL PARA A FOLHA

A baixa no preço da arroba do boi gordo, tendência que se firmou há mais de 40 dias, chega de forma discreta ao varejo.
A queda nos preços da arroba ocorreu quando o governo anunciou alíquotas zero para a importação do produto.
Grandes redes de supermercados passaram a trazer cortes bovinos do países do Cone Sul, forçando a baixa do preço ao produtor.
Mas o benefício foi apropriado pelos elos intermediários entre produtor e consumidor -como indústria, atacado e varejo.
Na situação inversa, de alta, a mesma distorção foi verificada –sempre em prejuízo dos preços finais no ponto de venda.
No período compreendido entre a primeira semana de julho, quando o real entrou em vigor, até o início de novembro, os preços da arroba saltaram de RS 22,00 para RS 36,00. A alta foi de 63,63%.
No mesmo período, os preços do quilo da carne de primeira no atacado subiram de R$ 1,60 para R$ 2,90. O preço final na balança apontou elevação de 81,26%.
Já no movimento baixista, quando os valores da arroba recuaram de R$ 36,00 para R$ 28,00, o consumidor foi beneficiado com apenas 3% de um total de 22% de baixa.
Na busca de uma justificativa, indústria e varejo trocam acusações -um atribuindo ao outro a culpa pelos distorções.
"O varejo não está repassando a baixa para o consumidor na proporção que deveria", diz Vasco Carvalho de Oliveira Júnior, presidente do Sindicato da Indústria do Frio (Sindifrio), entidade que reúne os frigoríficos.
Segundo Oliveira, a margem histórica de rentabilidade dos frigoríficos - próxima dos 2%- continua inalterada.
"Nessa história ninguém é santo, há um mascaramento desnecessário da coisas", afirma Henrique Farias Ramos, presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Carnes do Estado de São Paulo.
Para ele, em situações de baixa de preços há uma resistência da indústria e comércio em ceder. "Demora um certo tempo para o consumidor ser beneficiado; todos seguram até onde o mercado aguentar", afirma.
Segundo Ramos, as casas de carne estão pagando apenas 10% a menos nos preços.

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