São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994 |
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Tudo vai mal no país das Jaciras Amigas dividem nome e pessimismo GEORGE ALONSO
"Brasileiro é meio bobo, se ilude com facilidade", diz Jacira, a cenógrafa. "Mas esse também é o charme do brasileiro. A vida só melhorou depois do Real", ressalva. "Em 92, recebi dois cheques sem fundo. Este ano, só num mês, foram seis", reclama a sonoplasta. Jacira cenógrafa, de pele mais clara, é casada com o irmão da Jacira sonoplasta, morena, separada e mãe de dois filhos. Há dez anos, elas eram sócias numa estamparia. Bons tempos aqueles. "Com o mesmo número de funcionários que tenho hoje no bar, vivia melhor. O dinheiro da confecção rendia mais", afirma a sonoplasta. "Morava numa supercasa. Além disso, Collor saiu numa boa, apesar de tudo que fez", emenda a outra. O sonho da dupla de abrir uma "disco bacana" este ano foi adiado. Fica para 1995. As Jaciras (para quem manter o atual nível de vida "já é grande coisa") se encaixam no bloco dos 42% que acham que a vida no país está pior que em 1984. Para, 44% o Brasil melhorou na década. Ainda pela pesquisa, para 40% das mulheres, o Brasil está melhor hoje do que em 1984. Mas 45% delas acham que não. Entre os homens, 47% avaliam bem o país hoje. Para 39%, está pior que em 1984. Como as Jaciras, o casal Maurity Oliveira Jurity, 38, e Paola Beer, 33, era dono de uma confecção. "Resolvi abrir um bar. Na tristeza e na alegria, todo mundo bebe", diz Maurity. Donos do bar Francis Bacon, acham que o país continua um caos. "A miséria é a mesma, o analfabetismo também. Otimismo e bom humor é coisa de brasileiro, dentro dessa merda toda", afirma Paola. E ri. Paola admite que o Real deu mais ânimo. Mas, para 1995, espera "receber as pinduras" e "pagar as dívidas".(GA) Texto Anterior: Cresce o otimismo entre os brasileiros Próximo Texto: Roseana vai tomar posse de madrugada Índice |
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