São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Os escritores prediletos

DO ENVIADO ESPECIAL A SALVADOR

Um ávido devorador de romances. Assim se define o Amado leitor, que pegou gosto pelos livros aos 11 anos com "As Viagens de Gulliver", de Swift. Entre seus autores preferidos, há vivos, mortos e, talvez, imortais. Do bolso do colete, lança um nome para a Academia Brasileira de Letras.
Parente de Rabelais
"Desde os 20 anos, Rabelais (1494-1553) é fundamental em minha vida. Considero-me um dos últimos descendentes de sua família. Ele sabia contar as coisas. Vivia com plenitude, não conhecia contenções."
Dumas em Itaparica
"Um dia, quando menino, num navio que ia para Itaparica, encontrei abandonada uma tradução de 'Os Três Mosqueteiros', de Alexandre Dumas (1802-1870). O encontro com Dumas pai foi formidável. Nunca larguei seus livros."
Maldade tem limites
"Outro escritor fundamental é Charles Dickens (1812-1870). Ele me ensinou algo que nunca desaprendi: não há homem completamente ruim. Nos romances dele, quando parece que o sujeito é o pior do mundo, brilha uma luz."
Depois do 'Quixote'
"Gosto muito de Cervantes (1547-1616). Não se fez nada de novo no romance depois de 'Dom Quixote'. Máximo Gorki (1868- 1936) me ensinou o amor aos vagabundos, aos despossuídos. Entre os brasileiros, sinto amor pelas obras de Graciliano Ramos, José Lins do Rego e tenho admiração por Guimarães Rosa, Clarice Lispector e tantos outros."
O último narrador
"Há dois escritores de língua árabe com quem me sinto ligado: o prêmio Nobel egípcio, Nagib Mahfouz, e o turco Yachar Kemal. Seus heróis, assim como os meus, são saídos do povo.
Mahfouz é um narrador extraordinário. Sua novelística é aparentada à minha, no limite em que podem ser aparentados um grande escritor, como ele, e um pequeno escritor, como eu.
O contador de histórias é algo que se acabou, está se perdendo o prazer da leitura. Na Europa, valorizam minha literatura por isso. Quando saiu 'A Descoberta da América pelos Turcos', um crítico francês disse: 'Amado é o último grande narrador do mundo'."
A criança na Academia
"Há uma escritora que gostaria de ver na Academia. É uma mulher tão modesta, tão recolhida: é Maria Clara Machado, fundadora do teatro infantil no Brasil."

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