São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Ex-soviéticos buscam rotas diferentes
JAIME SPITZCOVSKY
Tais opções decepcionam a Turquia e o Irã. Com o fim da URSS, eles se animaram com a possibilidade de embolsarem a Ásia central para sua esfera de influência. Nursultan Nazarbaev, o presidente cazaque, não esconde sua preferência pela receita Estado forte, democracia controlada e rápido crescimento. Conceitos democráticos teriam dificuldades para se enraizar numa sociedade marcada pelas tradições de família e clãs, típicas de uma cultura nômade. O passado nômade dos cazaques também ajuda a explicar por que no Cazaquistão o islã enfrenta mais dificuldades. A vida de pastores criou uma versão mais suave da religião, menos dependente das mesquitas e do clero. Já uzbeques e tradjiques não tiveram a tradição nômade, o que ajuda a explicar o fato de o islã ter presença significativa. Mas a volta da religião com intensidade não se confirmou como apregoavam alguns estudos dos anos 90/91. A experiência soviética, norteada pelo ateísmo, distanciou essas populações da religião, dificultando o trabalho dos ativistas. Governos da Ásia central, dominados por ex-comunistas, se movimentam para impedir o surgimento de uma força inspirada no Islã e que ameace seu poder político. Enquanto no Quirguistão e Cazaquistão a democracia já engatinha, no Uzbequistão, Turcomenistão e Tadjiquistão falar em liberdades democráticas soa como sacrilégio. No caso tadjique, os ex-comunistas, com apoio russo, enfrentaram a oposição islâmica numa guerra civil e venceram. Os presidentes uzbeque, Islam Karimov, e turcomeno, Saparmurad Niazov, querem, montados em reservas de petróleo, repetir a receita de sauditas e kuaitianos. Mas sem a influência dos preceitos islâmicos. Texto Anterior: Ex-policial ataca governo Próximo Texto: Cazaque se arrisca na livre iniciativa Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |