São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Desculpe a nossa falha

94 foi o ano em que a TV mostrou o que não queria. Sorte do telespectador, que riu do entrevero Pelé-Galvão Bueno e descobriu algo mais sobre Rubens Ricupero
Defeito especial
Em 28 de junho, depois de Brasil x Suécia, os proprietários de antenas parabólicas que assistiam a Globo foram surpreendidos por imagens de Galvão Bueno (acima) respondendo, ao microfone, às reclamações de um interlocutor que parecia achar os comentários de Pelé longos demais. "Eu pedi para o Pelé falar menos durante a partida", dizia Galvão. "O que eu vou fazer? Só se eu matar ele, cara!" Bueno discutia com Fernando Vanucci –e a imagem vazou. Em 1º de setembro, foi a vez do então ministro da Fazenda, Rubens Ricupero (dir.). Em conversa com o jornalista Carlos Monforte, entre duas entrevistas para a Globo, disse não ter escrúpulos em esconder os números da inflação: "O que é bom a gente fatura, o que é ruim, esconde". O diálogo foi captado pelas parabólicas e provocou a demissão do ministro.
Direito de resposta
No "Jornal Nacional" de 15 de março, Cid Moreira diz que "na Globo tudo é manipulado". Não era um ato insano do locutor, mas mensagem de Leonel Brizola, que obteve direito de resposta a texto lido no "JN" dois anos antes - um editorial do jornal "O globo" que o acusava de "deprimente inaptidão administrativa".
Fábrica de novelas
Após tentativas frustradas, o SBT conseguiu produzir uma novela de sucesso, "Éramos Seis". Com um orçamento de US$ 5,5 milhões e audiência média de 16 pontos, a novela respondeu por 15% da receita líquida da emissora em 94. O SBT entre em 95 com uma segunda novela no ar. "As Pupilas do Senhor Reitor".
Céu e inferno
De abril a outubro, o público da novela "A Viagem", da Globo, deleitou-se com visões de um paraíso que mais parecia um hotel-fazenda e de um limbo ambientado em uma pedreira. Aprovada pelos seguidores de Alan Kardec, a novela teve audiência média de 58 pontos –dez a mais que a antecessora "Olho no Olho".
Deus é quentinho
Com um séquito de 50 mil fiéis, a pastora Sônia Hernandes, líder da Igreja Renascer em Cristo, muda a cara dos programas religiosos da TV. Comanda 15 minutos diários na Manchete dizendo coisas como "De repente Jesus te fala: Não é por aí" e "Deus é uma coisa quentinha". A igreja fatura mínimo de US$ 340 mil por mês.

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