São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Rei morto

A Fórmula 1 perdeu a graça no dia 1º de maio. Às 9h13, durante o GP de San Marino, no circuito de Imola, na Itália, a Williams do tricampeão Ayrton Senna da Silva, 34, saiu da curva Taburello a 300 km/h e chocou-se contra o muro. Transmitida ao vivo pela TV, a cena traumatizou o país. Ayrton Senna foi o terceiro atleta mais bem pago do planeta em 1993: ganhou US$ 18,5 milhões
Dias de horror
Depois de 1º de maio, Imola virou um circuito chamado tragédia. Já no primeiro treino oficial, dia 29 de abril, Rubens Barrichello perdeu o controle, decolou com sua Jordan e capotou duas vezes. Safou-se com arranhões. No dia 30, o austríaco Roland Ratzemberger escapou da curva Villeneuve e bateu no muro. Morreu horas depois. A corrida começou mal: Pedro Lamy, da Lotus, e J.J. Lehto, da Benetton, bateram na largada e dois pneus de Lamy caíram sobre quatro espectadores. Nos boxes, um pneu da Minardi de Michele Alboreto se soltou e atingiu seis pessoas.
Medo na pista
Três coisas preocupavam Senna antes de San Marino: o desempenho de seu carro, a segurança da pista e os riscos criados pela proibição de equipamentos eletrônicos, como a suspensão ativa, na F-1. Sua morte acirrou a discussão sobre a segurança nos circuitos. No GP seguinte, em Mônaco, dia 15 de maio, o austríaco Karl Wendlinger sofreu acidente grave. Recuperou-se, mas continua fora das pistas. Desde o GP de Barcelona, dia 29 de maio, estão em vigor medidas que visam a limitar a velocidade dos carros.
Funeral de herói
Ayrton Senna foi velado e enterrado em São Paulo, na presença de multidões e com honras de chefe de Estado (acima). Alain Prost, Jackie Stewart, Emerson Fittipaldi, Gerhard Berger e outros 11 pilotos conduziram o caixão no cemitério. Políticos também aproveitaram para aparecer - Itamar, FHC, Covas, Serra, Brizola, Fleury, Maluf e Erundina. A sessão fofoca ficou a cargo de Xuxa, ex-namorada, e Adriane Galisteu, última namorada. A primeira ficou ao lado da família; a segunda, isolada.
Caminho das borboletas
"Sou capaz de jurar que Béco chamou os grilos, encomendou o pio das aves noturnas, solicitou a presença das ondas, convidou a Lua e todas as estrelas do zodíaco para servirem de testemunha daquele momento mágico. (...) A natureza de Angra colheu os primeiros sussurros de dois enamorados."
Adriane Galisteu fala de Senna no livro "Caminho das Borboletas" (ed. Caras, 220 págs., R$ 19,90)

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