São Paulo, domingo, 25 de dezembro de 1994
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Tucano or not tucano

Fernando Henrique Cardoso foi eleito em 3 de outubro com 34.365.668 votos. Desde a década de 40, é o primeiro presidente escolhido com maioria absoluta em um único turno. Eleitos também em São Paulo, Rio e Minas, os peessedebistas têm a superar a imagem de indecisão que os persegue desde o ninho.
O fator ACM
Para compor a frente de partidos que o levou à vitória, o candidato FHC uniu-se ao PFL do seu vice Marco Maciel e do polêmico governador baiano Antônio Carlos Magalhães. Dos próprios tucanos brotaram críticas de que o então ministro da Fazenda de Itamar e candidato, com o olho no Palácio do Planalto, traía suas antigas idéias socialistas para aliar-se a oligarquias do Nordeste e a antigos colaboradores do regime militar. Nada disso, porém, deteve a avalanche de votos alimentada pelo sucesso do plano Real junto à população e pela rejeição à candidatura Lula, o líder absoluto do segundo lugar.
A grife FHC
Com o cosmopolita FHC, novo estilo chega ao poder. Sai de cena o feitio de Itamar, chegado a sambinha, chopinho e fusquinha. Sobe ao palco o gosto por vinho francês, música clássica e, claro, buchada de bode.
Mulatinho crente
Para ganhar votos, FHC teve que descer da torre de marfim. Em 10 de junho, sacou o "sou mulatinho". Para os que temiam seu ateísmo, disse: "Sou batizado". O êxtase veio com a buchada de bode: "Delícia".
Sartre e o encanador
Arroubo maior cometeu Ruth Escobar. "Nestas eleições temos duas opções: votar em Sartre ou escolher um encanador", disse. Lula respondeu na lata. "A Ruth Escobar pode passar a vida sem um sociólogo, mas não pode passar sem um encanador".
"A gente sai do palanque e é obrigado a ganhar beijo de velhinha, levar beliscão (...), Toda hora você precisa verificar se não levaram teu relógio de pulso"
FHC, em palestra no Rio, em 15 de junho; na foto, o então candidato ensaia passos de dança com duas baianas em frente à igreja do Senhor do Bonfim, em Salvador (BA)

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