São Paulo, terça-feira, 27 de dezembro de 1994
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Nova biografia e ensaio discutem a sexualidade de Marcel Proust

DE PARIS

Sempre haverá alguma coisa a mais a dizer sobre Marcel Proust, a julgar por três livros sobre o escritor lançados na França.
O mais recente e mais ambicioso é "L'Impossible Marcel Proust" ("O Impossível Marcel Proust"), de Roger Duchêne.
Em 848 páginas de rigor jornalístico, o autor passa a limpo a vida do escritor francês (1871–1922).
Ele converte em dinheiro atual, por exemplo, todos os valores mencionados, o que permite ter uma idéia da fortuna do escritor, de milhões de dólares.
Duchêne mostra, principalmente, a influência que a vida mundana e as boas relações de Proust tiveram sobre seu sucesso. Chega a se perguntar se, sem elas, "conheceríamos Marcel Proust".
O autor procura corrigir o que considera como equívocos dos biógrafos anteriores.
Ele afirma, por exemplo, que as viagens constantes, na infância, a Illiers (centro da França), terra do pai, tiveram pouca influência na obra proustiana.
Duchêne também descreve com riqueza de detalhes a vida sexual do escritor, desde a adolescência –quando sua tendência homossexual era discutida abertamente pela família– até as decepções amorosas da idade adulta.
O escritor também é tema de dois livros lançados em outubro na França: "Le Jardin Secret de Marcel Proust" ("O Jardim Secreto de Marcel Proust"), de Diane de Margerie, e "Le Sexe de Proust" ("O Sexo de Proust"), de Stéphane Zagdanski.
No primeiro, a autora mostra a influência da botânica na obra de Proust (por exemplo, as catléias de Odette de Crécy), com a ajuda de fotos de lugares que o autor conheceu na infância.
Como o nome indica, a sexualidade de Proust é o tema principal do livro de Zagdanski. O autor se dedica à complexa tarefa de provar que Proust, ao contrário do que se acredita atualmente, era heterossexual "na alma".
Para Zagdanski, seria impossível criar de outra forma a personagem Albertine Simonet, em "Em Busca do Tempo Perdido".
Para os críticos, Proust se inspirou em um homem para criar Albertine, mas o travestiu em mulher em sua obra como forma de esconder seu próprio homossexualismo. Zagdanski diz que não.

"L'Impossible Marcel Proust", de Roger Duchêne. Robert Laffont, Paris, 848 págs., US$ 37. "Le Sexe de Proust", de Stéphane Zagdanski. Gallimard, Paris, 120 págs., US$ 13. "Le Jardin Secret de Marcel Proust", de Diane de Margerie. Albin Michel, Paris, 155 págs., US$ 54 (preços nas livrarias francesas).

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