São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994
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Governo argentina corta gastos de US$ 1 bi

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O governo da Argentina decretou cortes de US$ 1 bilhão nos gastos públicos para acalmar o mercado financeiro, nervoso por causa da desvalorização do peso mexicano.
Foi decretado também o congelamento das vagas na administração pública a partir de dois de janeiro. O decreto foi anunciado pelo ministro da Fazenda, Ricardo Gutiérrez. Segundo ele, o aperto será nos setores de bens e serviços e transferência de fundos.
As medidas de austeridade representam economia de 17% para cada um dos departamentos estatais e organismos descentralizados do Estado e se soma ao veto pelo Poder Executivo, de vários artigos do orçamento de 95.
Fontes de mercado disseram ainda que o governo prepara novas medidas para conter os gastos públicos em US$ 2 bilhões em 95 com o objetivo de recuperar o equilíbrio orçamentário e a confiança no plano econômico.
Os planos governamentais para o próximo ano incluem o fechamento de empresas estatais e um maior controle na sonegação de impostos.
A desvalorização do peso mexicano repercutiu fortemente na Argentina, obrigando o Banco Central a vender mais de US$ 600 milhões para manter a paridade um a um, entre o peso e o dólar, estabelecida por lei em 91.
Analistas financeiros dizem que o Banco Central conta com reservas equivalentes a US$ 14 bilhões, considerados suficientes para comprar todos os dólares que circulam no país.
A venda de reservas para sustentar o câmbio atingiu este ano mais de US$ 700 milhões, a maior parte efetuada nos últimos dias.
Na Bolsa de Valores, as principais ações aumentaram em 3,23% ontem. Ao encerrar a última negociação do ano, a Bolsa registrou queda de 26% em 94.
O ministro da Economia, Domingos Cavallo e outras autoridades do governo insistem em negar qualquer possibilidade de desvalorização do peso argentino.
O presidente argentino Carlos Menem afirmou que o modelo econômico neoliberal de seu governo saiu incólume da crise financeira regional.
Na sua avaliação, a situação dos mercados está praticamente calma. Ele assegurou que o programa econômico argentino será mantido, apesar dos temores que sacudiram os mercados latino-americanos depois da desvalorização do peso mexicano.
Menem disse que a Argentina pode dar as garantias necessárias para que os investimentos sejam rentáveis e expressou seu desejo de que o México supere rapidamente esta crise.
O impacto da crise mexicana nos mercados argentinos pôs em segundo plano os debates sobre casos de corrupção estatal e os problemas sociais motivados por ajustes econômicos, observam analistas.

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