São Paulo, sábado, 31 de dezembro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Comércio amplia prazos do crediário

MÁRCIA DE CHIARA
DA REPORTAGEM LOCAL

As grandes redes de lojas começam a ampliar os prazos de pagamento do crediário e oferecem descontos de até 30% para segurar as vendas em janeiro.
O consumidor que optar por planos mais longos deve prestar atenção. Os juros são elevadíssimos: vão até 12,5% ao mês, o que equivale a 290% ao ano.
Um dia depois do Natal, as 300 lojas da rede Arapuã, por exemplo, abriram as portas vendendo mercadorias em até 15 vezes. Os juros vão de 9,5% a 11% ao mês.
O crediário antigo, em até 12 prestações, deve ser retomado no dia 5 em São Paulo, segundo a empresa. O objetivo é aproveitar o rescaldo das boas vendas do Natal e diminuir os estoques.
A empresa também quer conquistar o consumidor das camadas de renda mais baixa que só pode comprar com planos longos.
O Mappin não descarta a possibilidade de ampliar os prazos do crediário, hoje em até dez prestações. "Dependendo da concorrência, podemos mudar", diz Sérgio Orciuolo, diretor de promoções.
Para sustentar em janeiro as vendas que neste Natal foram 40% maiores que em 93 a rede optou por uma campanha de saldos. Ela começa na terça-feira, dia 3, com descontos entre 5% e 30%.
O Ponto Frio tem estratégia semelhante. Já na segunda-feira parte das lojas estarão abertas com uma campanha que mantém os preços do Natal. Sérgio Giorgetti, diretor da rede, diz que os produtos custam de 5% a 15% menos que a concorrência.
Segundo ele, o preço mais em conta e o prazo mais dilatado do crediário fizeram com que a rede faturasse 30% mais neste Natal em relação ao de 1993.
A empresa, que vendia em até sete vezes, ampliou o crediário para 12 prestações, fora a entrada, dez dias antes do Natal.
A rede de lojas Mafuz também virou as regras do jogo logo no começo do mês. Antonio Mafuz, sócio da empresa, conta que até o início de dezembro vendia em até três prestações (além da entrada), com juros de 9,5% ao mês.
Resolveu, no entanto, aumentar o crediário para até 12 vezes. O objetivo, diz Mafuz, é de faturar mais com o crediário, já que 72% dos seus negócios são a prazo.
A estratégia deu certo. A empresa, que projetava crescimento de 35% nas vendas natalinas, contabiliza aumento de 55% sobre 93.
Sinal verde
A G.Aronson só está esperando a sua financeira dar sinal verde para implantar o crediário com prazos mais longos.
"Estamos solicitando a nossa financeira que aumente para até seis vezes o crediário", diz Girz Aronson, proprietário.
A rede trabalha hoje com planos de até quatro vezes. Quer, no entanto, alongar os prazos para enfrentar a concorrência.
E mais: pretende conquistar o consumidor com menor poder aquisitivo, que em fevereiro recebe um abono salarial de R$ 15.
O Magazine Luiza, com 50 lojas em São Paulo e Minas Gerais, também está de olho nesse filão.
"Já fizemos uma reunião da diretoria e estamos pensando em aumentar os prazos em 1995. Estamos observando a concorrência", diz Eldo Moreno, diretor.
Hoje, mais da metade das vendas da rede é em até seis vezes, com juros entre 8% e 11% ao mês. Segundo Moreno, seus gerentes já estão autorizados a facilitar em até dez vezes, em casos excepcionais.

Texto Anterior: Consumo global apresenta queda de 3,5% em novembro
Próximo Texto: Vendas com cartão dobram
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.