São Paulo, domingo, 6 de fevereiro de 1994
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Corinthians busca equilíbrio no ataque

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O Corinthians busca a calma e reabilitação. A superação pela tumultuada demissão do técnico Afrânio Riul é pretendida na partida de hoje contra o Novorizontino, às 17h, no Pacaembu. "A vitória é nosso melhor remédio", comenta o técnico interino, Eduardo Amorim. "Mais que os pontos que nos aproximariam dos líderes, o importante é recuperar a confiança para não se entregar." No combate contra o mal, Amorim receitua um reforço no ataque, com a volta de Rivaldo, e a estréia do lateral esquerdo Daniel. Não satisfeito, o treinador escalou ainda o meia Marques, tornando a equipe mais ofensiva pela esquerda. "Virou folclore no Corinthians uma frase que, dizem, ser do ex-presidente Vicente Matheus: 'Depois da tempestade, vem a ambulância'. Pois bem, é o momento de o time mostrar que já veio a calmaria."
A tal ambulância servirá para socorrer os problemas da quarta-feira passada. A forma de disputa por pontos corridos transformou a derrota para o Guarani (4 a 0), naquele dia, em um grande desastre. De 2º lugar, o Corinthians desabou para 5º e perdeu seu treinador, demitido pelos dirigentes sem antes completar um mês no cargo. "Cometemos um erro ao contratar Riul", desabafou o diretor Carlos Nujud, irritado com as críticas disparadas pelo ex-treinador. "O time precisa de um técnico experiente, que saiba evitar os problemas." O aviso ecoou na interinidade de Eduardo Amorim que, prudente, resolveu dar prosseguimento ao trabalho interrompido por Mário Sérgio, no ano passado.
A primeira medida foi escalar Rivaldo exatamente como já arriscava Mário Sérgio, na frente, ao lado de Viola. A mudança de posição foi estranhada pelo jogador, que sentiu a diferença em seu primeiro treino, na tarde da sexta-feira passada. "Estou acostumado a correr mais pela lateral, onde fazia as jogadas com o Válber", comentou Rivaldo. "Como o time vai estar mais ofensivo, vou ter oportunidade de jogar por ali, mas o Eduardo quer que eu acompanhe também o Viola. Talvez eu demore para me acostumar, mas vou tentar."
A liberdade na lateral pretendida por Rivaldo vai depender exclusivamente da atuação de Marques que, com a ausência do volante Moacir (sente dores nas costas) e a exigência de vitória, foi mantido no time titular. O jogador disse que sua atual função na equipe é diferente daquela a que está acostumado. "Sempre atuei sem a obrigação de marcar. Jogava mais livre para apenas me preocupar em fazer jogadas de ataque", explica. "Mas agora é diferente. Todo o time precisa marcar e estou tentando me adaptar a isso."
Um problema ainda apontado por Eduardo é a deficiência no cruzamento. Apesar de chutar bem com ambos os pés, Marques tem dificuldade para cruzar com a perna esquerda. "O Eduardo me orientou a mirar o cruzamento na segunda trave. É o local onde o Viola costuma se posicionar", comenta o jogador.
O principal temor de Eduardo em sua tática agressiva é sobrecarregar o meia Tupãzinho, obrigado a dividir com Ezequiel a função de marcação. "Sei que ele gosta de atacar, mas vai ter que olhar para os lados antes. Se perceber algum adversário, não poderá avançar", determinou o treinador. Tupãzinho resignou-se a aceitar a missão. "Vou usar minha velocidade para fechar a cobertura e liberar os laterais", disse.
Mais liberdade terá o estreante lateral Daniel, orientado a atuar como ala, tentando sempre o ataque, mas com a prudência de não sobrecarregar o meio-campo. "Não podemos correr o risco de sofrer o 'efeito dominó', em que todos deixem sua posição", alertou Eduardo. O maior problema de Daniel será driblar a falta de condição física, prejudicada pelos 40 dias em que ficou parado. "Certamente vou sentir o cansaço, mas, se tudo der certo, nessa hora, o time já terá liquidado o resultado."

NA TV
TVA, teipe, 18h; gols nos programas noturnos

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