São Paulo, terça-feira, 8 de fevereiro de 1994
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Executiva do PT adia decisão sobre o veto

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT não conseguiu ainda resolver o impasse criado entre sua direção nacional e bancada federal. Depois de seis horas de discussão, ontem em São Paulo, não houve acordo entre a cúpula, que insiste em não permitir que os deputados votem no Congresso revisor, e os deputados que querem modificar a posição. A Executiva vai definir a questão somente hoje.
O líder da bancada do PT na Câmara, José Fortunati (RS), abandonou a reunião antes de seu encerramento. Nervoso, disse que "estão tentando costurar um acordo impossível". Fortunati referia-se a uma proposta de parte da cúpula que condiciona a participação dos petistas na revisão à adoção de uma "agenda máxima" que excluiria o capítulo da Ordem Econômica das discussões.
"Ou começamos a participar da revisão agora ou nunca mais. É inviável esperar pela agenda máxima se amanhã (hoje) já devemos votar o mandato do Lula", afirmou Fortunati. A bancada petista decide hoje se acata a determinação que será tomada.
A confusão no partido é tão grande que ontem à noite estavam sendo tentadas duas soluções provisórias e excludentes para o impasse: uma linha defendia não dar quórum para a votação do Fundo Social de Emergência, mas, se o quórum for alcançado, liberar a bancada para votar alguns pontos. Outro grupo pensava em manter o veto à revisão por enquanto, para não passar a impressão de derrota política imposta pelos deputados, e ceder na próxima reunião da Executiva.
Dezenove dos 21 membros da Executiva participaram da reunião. Luiz Inácio Lula da Silva e Clara Ant, em viagem, foram os ausentes. Treze deputados federais e o senador Eduardo Suplicy (SP) representaram os parlamentares.
A solução para o impasse, que ameaça transformar-se na maior crise política da história do partido, já que um setor da bancada ameaça descumprir o veto à revisão, está nas mãos do grupo do deputado estadual paulista Rui Falcão, vice-presidente nacional do PT. Falcão tentou, inutilmente, negar o conflito com a bancada.
"Houve um debate profundo, mas nenhum impasse", insistiu Falcão, mesmo depois de informado das declarações de Fortunati. Falcão, porém, deixou escapar que continuará lutando para que os petistas não votem na revisão. "Devemos inviabilizar ou limitar o alcance de uma revisão que, como disse Antônio Carlos Magalhães, vai tentar impedir que um eventual governo Lula se realize na sua plenitude".
O prejuízo causado pela crise à campanha de Lula foi atestado por Luiz Eduardo Greenhalgh, membro da Executiva. Depois de um apelo para que os deputados não dessem declarações à imprensa, Greenhalgh afirmou que "nesse tiroteio não há vencedores e a derrota se reflete na campanha".

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