São Paulo, sexta-feira, 11 de fevereiro de 1994
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Metalúrgicos preparam reação à média

DA REPORTAGEM LOCAL

Dirigentes de 51 sindicatos de metalúrgicos, ligados à Força Sindical, decidiram ontem ir dia 21 a Brasília para conversar com o ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso. Os sindicalistas vão dizer a FHC que não aceitam a conversão dos salários em URV (Unidade Real de Valor) pela média.
Após falar com o ministro da Fazenda, os sindicatos, que representam cerca de 800 mil metalúrgicos, pretendem iniciar negociações com a Fiesp (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo). Durante esse período os sindicatos vão realizar assembléias para discutir a questão. Dia 23, haverá uma reunião de avaliação na sede da Federação dos Metalúrgicos. Também participaram da reunião realizada ontem, no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, representantes dos sindicatos dos Comerciários e de Brinquedos.
"Se o governo confirmar a intenção de converter os salários em URV pela média nós poderemos entrar em greve", disse Paulo Pereira da Silva, vice-presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo e membro da executiva da Força Sindical.
Segundo estudo elaborado pela subseção do Dieese no Sindicato dos Metalúrgicos de São Paulo, caso os salários da categoria fossem convertidos pela média dos últimos 12 meses, haveria perda salarial de 54,67% (para efetuar o cálculo, o Dieese utilizou o período entre fevereiro de 93 e janeiro de 94). Se a média levasse em consideração os últimos seis meses, a perda seria de 46,64%. Nos últimos quatro meses, ficaria em 41,25%.
O Dieese toma como base para calcular o valor real do salário a data em que ele é contratado, ou seja, a partir do dia 1.º do mês. Mas para o governo o que vale é a data em que o salário é efetivamente pago –no mês seguinte–, quando seu poder de compra já foi corroído pela inflação e, portanto tem um menor valor real.
"Nós não aceitamos nenhum tipo de conversão pela média. As projeções do Dieese mostram que qualquer que seja o período adotado, os trabalhadores sempre saem perdendo", afirmou Pereira da Silva.
CUT
O presidente da CUT (Central Única dos Trabalhadores), Jair Meneguelli, disse ontem que a entidade aguarda uma definição do governo para então tomar uma decisão, mas antecipa: "não podemos aceitar diferenças como, por exemplo, salários convertidos pela média e preços pelo pico". Ele afirmou: "estamos em estado de alerta".

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