São Paulo, quinta-feira, 17 de fevereiro de 1994
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Luxo da Imperatriz leva o título

JOÃO BATISTA DE ABREU; MARCELO MIGLIACCIO
DA SUCURSAL DO RIO

Luxo da Imperatriz leva o título
Numa apuração tumultuada, que teve brigas, acusações à Liga Independente das Escolas de Samba e até invasão do palanque da mesa apuradora, a Imperatriz Leopoldinense conquistou o título do Grupo Especial do Rio, com 298,5 pontos, três pontos e meio à frente do segundo colocado, o Salgueiro, campeão do ano passado.
Assim que foi anunciada a última nota 10 no quesito bateria, o vereador Marcos Drummond -filho do bicheiro Luiz Pacheco Drummond, o Luizinho, encarcerado no presídio Vieira Ferreira, em Niterói- subiu na mesa segurando a bandeira da Imperatriz e um troféu que lhe foi entregue por assessores e gritou chorando nos microfones: "Alô paizão, o senhor merece. O povão da Leopoldina merece".
Antes mesmo da apuração, o comentário na Praça da Apoteose era de que a escola do bairro de Ramos (zona norte) poderia desbancar o favoritismo de Mangueira e Salgueiro. O enredo falava da presença de índios tupinambás e tabajaras na corte de Catarina de Médicis, na França do século 16. A escola fez um desfile correto e luxuoso.
Cada escola ocupou uma mesa, com uma barraca de praia para proteger os diretores contra os 40 ºC marcados pelos termômetros da Apoteose. Os maiores contingentes, entre dirigentes e torcedores, eram os da Mangueira e do Salgueiro. A Imperatriz quase não tinha apoio nas arquibancadas.
À medida que o locutor oficial da Riotur, José Luiz Azevedo, lia as notas, as atenções voltavam-se para as mesas da Unidos do Viradouro (terceira colocada) e da Imperatriz Leopoldinense. Membros da Tradição comemoravam cada nota maior que a rival Portela. A Tradição nasceu de uma dissidência da Portela.
Mangueirenses e salgueirenses, porém, não se conformavam com suas notas. Primeiro, foram latas arremessadas contra o palanque. Logo depois, o presidente interino do Salgueiro, Paulo César Mangano, seguido por diretores, saltou as grades de ferro e invadiu o palanque. Na confusão, que teve socos e pontapés, o troféu da Liga acabou no chão e ficou danificado. "A Beija-Flor teve um carro que pegou fogo e tirou dez em alegoria. Isso é sacanagem para me tirar o bi", gritava.
Marcos Drummond anotava pessoalmente as notas de todas as escolas e comemorava cada 10 atribuído à escola. "A Imperatriz foi uma escola tecnicamente perfeita." Perto dali, a tristeza dos dirigentes da Unidos da Ponte e do Império Serrano, rebaixados para o Grupo 1. Sobem em 95 Unidos de Vila Rica e São Clemente, duas escolas da zona sul.
O presidente da Liesa, Paulo de Almeida, disse que Mangano será punido por ter invadido o palanque e quebrado o troféu.

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