São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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PPR tenta afastar procuradores do caso

MÁRIO SIMAS FILHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O PPR, partido do prefeito de São Paulo, Paulo Maluf, quer que os procuradores da República que trabalham no caso Paubrasil sejam afastados das investigações e recebam punições administrativas e penais. Segundo o presidente do partido em São Paulo, Jorge Yunes, a imagem do PPR vem sendo denegrida publicamente pelos procuradores. Ele acredita que os procuradores violaram sigilo profissional e conduziram politicamente as investigações.
Na primeira semana de janeiro, Yunes protocolou representação na Procuradoria Geral da República, em Brasília, contra os procuradores Francisco Dias Teixeira, Mário Bonsaglia, Marcelo Moscogliato e Luiza Cristina Fonseca.
"Em todas as declarações 'a imprensa os procuradores relacionam o caso Paubrasil ao prefeito Maluf", disse Yunes. "Isso prejudica a imagem do PPR, pois Maluf é nosso candidato e principal liderança", afirmou. O caso Paubrasil investiga suposto crime de sonegação fiscal cometido por empresas que contribuíram irregularmente para as campanhas políticas de Maluf em 1990 e 1992.
A representação do PPR tem 19 páginas, cerca de 100 folhas contendo cópias de reportagens e duas fitas de video onde estão gravadas entrevistas dos procuradores aos telejornais. "Eles se comportaram em público como partícipes de campanhas políticas", afirmou Yunes. "As entrevistas provam isso e nenhuma delas foi contestada posteriormente", disse.
No dia 14 de janeiro, o procurador-geral, Aristides Junqueira, encaminhou a representação a São Paulo para que os procuradores se manifestassem. Eles negam estar agindo de forma política e asseguram que todas as informações confidenciais do inquérito foram preservadas. Segundo os procuradores, as investigações continuarão a ser conduzidas em profundidade.
Os documentos bancários sigilosos que estão no inquérito da Polícia Federal foram fornecidos pelo Banco Central, Receita Federal e bancos estaduais e privados.
Até o final desse mês o procurador-geral deve definir o destino da representação. Ela poderá ser arquiva ou dar origem a um inquérito administrativo.
"Caso haja o arquivamento da representação iremos tomar novas providências", disse Yunes. Ele não revelou quais seriam essas providências. De acordo com Yunes, o prefeito Maluf não participou da decisão de encaminhar a representação. Yunes disse que o prefeito apenas foi informado do fato mas que sequer conhece o teor do documento.

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