São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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PT racha e não decide se vai à revisão

CARLOS EDUARDO ALVES
DA REPORTAGEM LOCAL

O PT não conseguiu ainda resolver o dilema de participar ou não do Congresso revisor. Ontem, um inusitado empate em oito votos na reunião da Executiva petista manteve a decisão anterior de não permitir a participação da bancada do partido na revisão, pelo menos até a reunião do Diretório Nacional nos dias 5 e 6 próximos. Luiz Inácio Lula da Silva saiu antes do final da reunião, não votou e fugiu para não falar com a imprensa.
Três membros da Executiva não compareceram à reunião, realizada no Hotel Comodoro, em São Paulo, e outro se absteve na votação. Lula fez a defesa da proposta que dava autonomia à bancada para determinar sua atuação no Congresso revisor, mas não teve o cuidado de deixar seu voto antes de fugir por uma porta lateral para não conversar com os repórteres. A assessoria de Lula informou que ele estava apressado para viajar para Santa Catarina.
O voto de Lula reverteria a situação a favor da bancada. O líder da bancada petista na Câmara, José Fortunati (RS), também saiu antes do encerramento da reunião, mas fez questão de deixar seu voto. "A decisão foi péssima e parece que alguns membros da Executiva não fazem política de maneira séria", disse Fortunati à noite, em Porto Alegre.
Para o líder da bancada petista, a "intransigência" da Executiva do partido desautorizou sua participação na reunião com líderes de outros partidos, na próxima terça-feira, quando será tentada a obtenção de uma "agenda máxima" para limitar a revisão.
"Não vou à reunião e vou propor que ninguém da bancada vá. Seria molecagem participar de uma negociação em que os interlocutores sabem que não tenho autonomia para decidir", declarou Fortunati.
O secretário-geral do PT, Gilberto Carvalho, reconheceu o "clima de tensão" gerado pela manutenção do veto à revisão, mas disse acreditar que a bancada cunmprirá a determinação. Fortunati também não crê em rebelião. A decisão da Executiva só permite que a bancada vote em algumas questões quando ocorrer o segundo turno sobre o Fundo Social de Emergência.
A incapacidade de mudar o veto à revisão representa uma derrota política de Lula, que tentou costurar um acordo entre as correntes petistas que permitisse a modificação. Lula queria que os deputados fossem liberados para a votação em alguns temas e a criação de uma comissão da Executiva para acompanhar os trabalhos do Congreso revisor.
Na noite de quarta-feira, porém, uma reunião da ala liderada pelo deputado estadual paulista Rui Falcão, que é o fiel da balança nas decisões do PT, derrubou o acordo desejado por Lula. A composição do diretório dificulta a liberação da bancada.

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