São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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A vingança do zumbi

Em 1954, Jânio Quadros, prefeito de São Paulo, fazia visitas de surpresa a repartições públicas. Os únicos funcionários que se sentiam a salvo das incertas eram os que faziam o turno da noite. Mas uma vez, insone, ele foi para a rua e entrou na primeira repartição em seu caminho. Era uma delegacia de costumes. E estava quase deserta.
Apenas a sala do delegado, com a porta entreaberta, estava ocupada. Jânio olhou pela fresta. Delegado e escrivão jogavam carteado. Desceu às celas. O carcereiro dormia largado numa cadeira. O prefeito pegou as chaves e abriu três das quatro celas. Ordenou que os presos saíssem em silêncio.
De volta à sala, olhou novamente pela fresta. E aí o delegado o viu. Jânio tirou a cara, mas ouviu:
– Zé! Tem um zumbi aí com a cara do prefeito.
Jânio escancarou a porta e a prosódia:
– Não é nenhum zumbi, sou eu mesmo, o prefeito. Acabo de libertar bêbados, prostitutas e maridos enciumados que vocês prendem para atazanar. Quanto aos senhores, jogadores aplicados e policiais displicentes, serão demitidos amanhã, a bem do serviço público.

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