São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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Zona leste teme surto da doença

DA REPORTAGEM LOCAL E DA FT

Moradores de bairros vizinhos ao córrego Aricanduva (zona leste) temem que a região enfrente um surto de leptospirose por causa da enchente de 6 de fevereiro. A doença é transmitida pela urina de roedores, pode matar e é típica de áreas atingidas por alagamentos.
Veronilda dos Anjos Ribeiro e o eletricista Edmundo Pereira dos Santos, 54, moradores de ruas alagadas, foram levados ontem à tarde para o Hospital Emílio Ribas (especializado em doenças infecciosas e contagiosas) sob suspeita de contaminação pela doença.
A mulher do eletricista, Jacira dos Santos, disse que o marido tinha fraqueza e vomitava muito. A possibilidade de contaminação por leptospirose foi levantada no Hospital do Tatuapé, onde o eletricista foi atendido na segunda-feira, quando começou a sentir-se mal.
Os responsáveis pelo plantão noturno de ontem do Hospital do Tatuapé não confirmaram a existência de um surto de leptospirose na região. O Hospital Emílio Ribas também não confirmou a contaminação por leptospirose dos pacientes encaminhados ontem.
Segundo a assessoria da Secretaria Municipal da Saúde, a hipótese de ocorrência de um surto de leptospirose não está afastada, uma vez que o período de incubação da doença é longo. Só depois de 40 dias da enchente é que essa possibilidade será afastada.
O Centro de Controle de Zoonozes informou que as áreas atingidas por enchentes estão recebendo "atenção especial" e passando por desinfecção. A dona-de-casa Esmeraldina Carvalho Pazin disse que as ruas de seu bairro foram alagadas "e a prefeitura ainda nem apareceu para remover o barro".
Segundo Esmeraldina, "várias" pessoas ficaram doentes depois da enchente. "Estamos assustados porque algumas pessoas morreram estranhamente", afirmou.
O vigilante Benedito Miranda dos Santos, 35, suspeita que seu senhorio morreu vitimado por alguma doença trazida pela enchente. "Ele estava forte e morreu de uma hora para outra", afirmou. O vigilante não lembrou o nome de seu senhorio e também não soube dizer onde familiares da vítima poderiam ser encontrados.
Maria Aparecida Passos, 50, também acredita que seu marido, o aposentado Ary Ribeiro Passos, 57, tenha adoecido por causa da enchente. "Ele estava com saúde e desde o começo da semana não consegue levantar do sofá". Ontem, Maria Aparecida tentava encontrar um hospital onde pudesse internar o marido. O casal teve a casa alagada e todos os móveis destruídos.

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