São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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Carnavalesca diz que fez um carnaval renascentista

DA SUCURSAL DO RIO

Um Carnaval renascentista. Assim a carnavalesca campeã Rosa Magalhães, 47, definiu o desfile da Imperatriz Leopoldinense, que contou a história da presença de índios tabajaras e tupinambás na corte de Catarina de Médicis, na França do século 16.
Formada em Letras, com diploma da Universidade de Nancy (França), Rosa disse que há dois anos vinha pensando em aproveitar esse enredo. "A influência francesa sempre foi muito forte na cultura brasileira, na arquitetura, na pintura, na música, na moda e até no comportamento. Esta foi a primeira influência ao contrário que encontrei. Por isso quis resgatá-la", disse.
As últimas 48 horas estiveram entre as mais movimentadas na vida de Rosa Magalhães. Após a comemoração da vitória, anteontem, na quadra da Imperatriz em Ramos (zona norte), foi jantar com os amigos em Copacabana e chegou em casa de madrugada. Às 9h30min já estava no barracão da escola, cuidando pessoalmente dos consertos nos carros alegóricos danificados após o desfile.
Era preciso desamassar os ferros do enfeite do carro que mostra a corte francesa aplaudindo os índios, as penas do flamingo e o pescoço do anjo, no abre-alas, a orelha de um dos cavalos dourados do rei Henrique 2º.
Em meio a dezenas de telefonemas de felicitações e pedidos de entrevistas, Rosa dizia-se ao mesmo tempo cansada e eufórica com o terceiro título conquistado em 21 anos como carnavalesca, com passagens por Salgueiro, Império Serrano e Imperatriz, onde está desde 1992.
Quanto ao luxo e criatividade, característicos do Renascimento, Rosa Magalhães explicou que a riqueza da escola era apenas aparente. As roupas das baianas eram de papel laminado, os bordados da comissão de frente eram de papelão e a floresta tropical descrita por Montaigne não passava de tela de galinheiro.
Ela não quis destacar um aspecto específico no desfile. Acha que o conjunto é que ajudou na conquista do título. Mas acabou revelando uma ala à qual dedica atenção especial: a comissão-de-frente. "É onde eu me meto legal. Vou aos ensaios, acompanho a prova de roupa. Fico que nem mãe-coruja", explica.
A carnavalesca da Imperatriz considerou justo o resultado dos jurados, que deram o vice-campeonato ao Salgueiro, o quarto lugar à União da Ilha e o quinto à Beija-flor. Ela só não comentou o terceiro lugar atribuído à Unidos do Viradouro, porque não viu o desfile de domingo. Ficou o tempo todo na concentração com a Imperatriz. Quando chegou em casa de manhã, ligou a televisão para assistir ao compacto, mas cansada acabou dormindo diante da TV.

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