São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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Saída alternativa

SÍLVIO LANCELLOTTI

Na próxima semana, em Nova York, os 24 países classificados para a Copa de 94 vão se reunir com a Fifa. Trata-se de uma novidade na organização dos mundiais, aparentemente democrática. Pela primeira vez, em 64 anos de história do torneio universal, os países disputantes poderão interferir, ainda que superficialmente, no regulamento da Copa.
O encontro é idéia do suíço Joseph Blatter, o secretário-geral da entidade, encarregado da sua operação cotidiana, enquanto o presidente Jean Havelange, aquele que desprezou Pelé, toca a política e a diplomacia. Por quase duas décadas, Blatter delimitou as suas aparições públicas aos momentos do sorteio de cada certame. De repente, porém, lhe interessa aparecer mais. Solapada a liderança de Havelange, crescente a possibilidade de uma candidatura independente à sua sucessão (talvez o sueco Lennart Johansson), o grupo que envolve o brasileiro, e que não pensa em desperdiçar o poder, paulatinamente começa a encontrar uma saída alternativa: Havelange num posto honorífico e Blatter, cooptado em vez de opositor, como o seu delfim, o prosseguidor natural do chefe.
Por isso se multiplica a importância do convescote de Nova York. O evento valoriza Blatter através do globo, reafirma a sua imagem de dirigente moderno, um técnico na administração do futebol. Simultaneamente, alimenta as fantasias e as vaidades de um batalhão de cartolas, crentes na força da sua interferência eventual nos rumos da Copa. Na verdade, no encontro, a Fifa apenas apresentará as suas regras. Aos 24 convidados restará, em 90% dos casos, a chance de um mero referendo.
De todo modo, em ao menos um tema crucial os países disputantes merecerão o direito à opinião efetiva. Trata-se da questão do número de jogadores registráveis na Copa –22 ou 23, incluindo-se no acréscimo um arqueiro de reserva. A Fifa, claro, já dispõe de sua posição. Pretende, digamos, sugerir que os países disputantes levem, entre os seus 22 de praxe, só dois goleiros. Um terceiro ficará de "stand by", legalizado e de plantão. Acontecendo uma suspensão ou uma contusão, do titular ou do seu banco imediato, será automática a oficialização do terceiro. Sem, obviamente, o descarte do titular ou do seu banco. E a CBF? Já pensou se concorda ou se discorda? Espero que tope. Sobrará mais uma vaga de avante no elenco de Zagalo & Parreira.

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