São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
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'Em Nome do Pai', de Sheridan, recebe dez minutos de aplausos

AMIR LABAKI
ENVIADO ESPECIAL A BERLIM

Berlim viveu ontem seu mais fraco dia desde a abertura. Em competição, foram exibidos o coreano "Hwsomkyung", de Chang Sun-Woo, e o italiano "Cari Fottutissimi Amici", do veterano Mario Monicelli, ambos sem maiores chances de premiação. O mesmo futuro deve esperar os dois concorrentes de hoje, o indiano "Charachar" de Buddhadeb Dasgupta, e o alemão "Der Blaue" de Liehnard Wawrzyn.
A principal sessão será à noite, com a exibição de "Duas Mulheres" (La Ciociara, 1960) e a entrega do Urso de Ouro especial para Sophia Loren.
"Em nome do Pai", de Jim Sheridan, era ontem o assunto do festival. O contido thriller sobre o maior erro judicial do século na Grã-Bretanha foi aclamado com dez minutos de aplausos na sessão de gala de anteontem. É até aqui o maior sucesso de Berlim-94.
O concorrente coreano de ontem é uma versão contemporânea do texto sagrado indiano "Avatamsaka Sutra", do quinto século antes de Cristo. Conta compassadamente uma viagem de iniciação de um garoto que busca a mãe desconhecida. Seu amadurecimento se dá ao cruzar com um médico samaritano, uma angélica prostituta, uma cega mendiga etc. Frases como "a linha do horizonte não batalha por bens materiais" pontuam o filme. E mais não digo.
Já Mario Monicelli, mestre da comédia italiana contemporânea, deixou a desejar com seu "Cari Fottutissimi Amici". Em pleno final da guerra, em 1944, um homem lidera uma espécie de "caravana rolidei" de candidatos a boxeurs, tudo em troca de alguns tostões. Essa espécie de nova versão do exército de Brancaleone acaba produzindo gags pouco inspiradas num filme de evolução previsível. É assistível, mas Monicelli já fez muito melhor que isso.

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