São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Paris e Marselha são capitais do movimento

CELSO FIORAVANTE
DA REDAÇÃO

A história do rap na França não é fruto dos anos 90. Nem uma consequência das novas sonoridades que o rap norte-americano adquiriu nesta década ao perceber que era uma boa saída para o gênero a apropriação da tradição, "ambiance" e instrumentação do jazz e tornar-se permeável a ritmos como o funk e o reggae.
Uma das primeiras manifestações do rap cantado em língua francesa já tem dez anos. É o disco "Paname City Rapping", organizado por um dos precurssores do movimento, Dee Nasty (leia mais informações em quadro ao lado).
O início do movimento rap na França (e na parte francesa da Suíça) se deve a algumas características bem definidas. A primeira é o grande número de "posses" em
atividade em Paris e Marselha, os dois centros precurssores do gênero. As "posses" são grupos –em geral formado por pessoas de origem negra ou imigrante– que pregam através das artes (dança, grafite, rap) uma maior conscientização política e cultural das pessoas de suas comunidades. A "posse" mais conhecida acabou sendo a
500 One, fundada por MC Solaar, Jimmy Jay, Soon E MC, Seeq e Stricker D. Atualmente estão em atividade Boologne Posse (ligada aos rappers do Les Sages Poètes de la Rue), Place Clichy Posse, Roma Posse, Bata Posse e outras.
Esta necessidade de união se reflete também nas parcerias que já rolaram no rap francófono e que dão a impressão de o movimento ser formado por uma turma de
amigos. Soon E MC canta no disco de estréia de MC Solaar e tem Jimmy Jay, o DJ de Solaar, como parceiro em seu disco "Rap, Jazz, Soul". Os suíços do Sens Unik,
por sua vez, adotaram o Silent Majority em sua gravadora e lançaram "La Majorité Silencieuse", primeiro CD do grupo.
A formação de pequenas gravadoras é uma saída para problemas como o enfrentado pelo grupo Alliance Ethnique, que ainda não lançou seu primeiro CD, apesar de já tê-lo pronto, sob contrato com a gravadora Delabel.
A divulgação do trabalho dos rappers francófonos se dá através de festivais de cidades como Lyon, Rennes e mesmo Montreux (que no ano passado promoveu toda uma noite dedicada ao jazz-rap, com a presença dos suíços do Sens Unik). No rádio, as principais emissões partem da Radio Nova, em Paris, e da Couleur 3, em Lausanne (Suíça). (Celso Fioravante)

Texto Anterior: Solaar instaura nova constelação do rap
Próximo Texto: Nicole Puzzi estréia espetáculo antes de lançar livro de confissões
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.