São Paulo, sexta-feira, 18 de fevereiro de 1994
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Presença russa reduz possibilidade de ataque

HUMBERTO SACCOMANDI
DE LONDRES

Um ataque aéreo contra os sérvios na Bósnia parece cada vez mais improvável, mesmo que eles não obedeçam ao ultimato para se retirar dos arredores de Sarajevo. Vários indícios e declarações apontam para "uma segunda-feira normal, como todas as outras", disse o general britânico Michael Rose, comandante das tropas das Nações Unidas na capital da Bósnia-Herzegóvina.
Lorde David Owen, principal negociador de paz da União Européia (a antiga Comunidade Européia), afirmou ontem que é impossível obter uma paz duradoura sem a participação russa. A Rússia é abertamente contra a opção militar contra os sérvios, seus tradicionais aliados. Com o envio de soldados russos a Sarajevo, anunciado ontem, "as chances de um ataque aéreo caem muito", afirmou o mediador europeu.
Outro obstáculo à ação dos caças da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte, a aliança militar liderada pelos norte-americanos) é a presença de tropas das Nações Unidas na Bósnia. Esses soldados, com pouco poder de fogo, poderiam ser alvo fácil de represálias dos sérvios. O contingente estacionado em Sarajevo é composto basicamente por franceses e ucranianos.
O cessar-fogo atual é outro argumento contra a operação militar. Apesar de os sérvios da Bósnia ainda não terem cumprido com as exigências do ultimato, a trégua está em vigor. Atacar agora poderia provocar o recomeço dos combates. Isso só prejudicaria o processo de paz.
O ataque em pleno inverno também seria catastrófico para a população civil. Diplomatas e militares concordam que o bombardeio de posições sérvias ao redor de Sarajevo bloquearia as operações de ajuda humanitária. Milhares de pessoas poderiam morrer de fome e de frio.

Texto Anterior: 'Dossiê Craxi' acusa ex-comunistas da Itália de financiamentos ilegais
Próximo Texto: Manobra de Moscou faz os sérvios recuarem
Índice


Clique aqui para deixar comentários e sugestões para o ombudsman.


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.