São Paulo, sábado, 19 de fevereiro de 1994
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Grupo Sharp fecha capital de 2 empresas

ELVIRA LOBATO
DA REPORTAGEM LOCAL

O grupo Sharp vai fechar o capital da Sid Informática e da Sid Microeletrônica. As ações das duas empresas em poder do mercado serão trocadas por debêntures conversíveis em ações da Sharp S/A Equipamentos Eletrônicos, holding do grupo. Segundo o empresário Matias Machline, presidente do Conselho de Administração, a oferta pública para a troca das ações será oficializada na próxima semana e concluída 30 dias depois.
O fechamento de capital das duas empresas faz parte da reestruturação do grupo iniciada em abril do ano passado, para solucionar uma dívida de curto prazo de US$ 87,3 milhões que estava corroendo as finanças do conglomerado. A troca das ações por debêntures, no valor de US$ 23 milhões, foi previamente negociada com os acionistas (BNDESPar e outros sete bancos) e, segundo Machline, visa fortalecer as ações da Sharp S/A.
O trabalho de reestruturação levará a um enxugamento radical no organograma do grupo: das 63 empresas existentes no início do ano passado, ficarão apenas 15, agrupadas em quatro áreas básicas de atuação: produtos de consumo (televisores, vídeo, som), informática, telecomunicação e consórcio de eletrodomésticos.
Segundo Machline, a fábrica de máquinas mecânicas Facit, de Juiz de Fora, e parte da linha de produção da fábrica de equipamentos de telecomunicação de Curitiba deverão ser transferidas para a Zona Franca de Manaus.
O empresário admitiu também que a revolução interna em curso na empresa provocará redução de pessoal, mas não quis informar o volume dos cortes. Segundo ele, até o final do ano, os cortes atingirão mais de 10% dos 9 mil empregados do grupo, o que significa que ocorrerão perto de mil demissões. Nos últimos três anos, de acordo com Machline, o grupo já demitiu seis mil empregados.
A direção do grupo Sharp considera concluída a primeira fase da reestruturação das finanças. Em novembro do ano passado, a dívida que vencia a cada 45 dias foi substituída por US$ 90 milhões em debêntures, com quatro anos para resgate. O grupo fechou o terceiro trimestre do ano passado com um prejuízo acumulado de US$ 41 milhões mas, segundo Machline, "a sangria já estancou". O diretor superintendente Mauro Marques, que comandou a renegociação, deixará o grupo na próxima semana, alegando "razões pessoais".

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