São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Paulistano absolve Carnaval de Itamar

DA REPORTAGEM LOCAL

O comportamento do presidente Itamar Franco na madrugada da última segunda-feira, quando foi flagrado em seu camarote no Sambódromo do Carnaval carioca de mãos dadas, abraçando e beijando a modelo e atriz Lílian Ramos, divide a opinião dos paulistanos. Pesquisa feita pelo Datafolha na última sexta-feira revela que a atitude de Itamar, na condição de presidente da República, foi considerada nada condenável por 38% dos entrevistados. 36% julgaram que o presidente agiu de forma muito condenável.
Se depender da maioria dos paulistanos, Itamar não deve perder o cargo. Apenas 18% dos entrevistados acham que o episódio envolvendo o presidente deve provocar seu afastamento. 78% disseram ser contra o impeachment. Apesar disso, 40% dos entrevistados acham que um homem que se comporta dessa maneira não tem dignidade para exercer a Presidência.
Quando se trata do homem Itamar, as opiniões mudam. 62% consideram seu comportamento nada condenável, contra 13% que reprovam as cenas que ele protagonizou ao lado da modelo. Segundo a pesquisa, Itamar agiu daquela forma porque é solitário (45%), ingênuo (23%) e porque é um conquistador (16%). Entre as mulheres, o índice das que acham Itamar um solitário atinge 48%.
A maioria dos paulistanos diz que reagiu à aventura carnavalesca entre Itamar e Lílian com indiferença (55%). Sentiram vergonha do que viram 35% dos entrevistados. Apenas 6% se disseram orgulhosos com o ocorrido (8% entre os homens e 4% entre as mulheres).
A reprovação maior dos paulistanos recai sobre Lílian. Na condição de modelo e atriz, sua atitude foi muito condenada por 42% dos entrevistados. 30% não viram nada de errado no que ela fez. Quando se trata da mulher, os índices são praticamente os mesmos (43% a condenam e 29% não fazem restrições ao seu comportamento).
A pesquisa revela opiniões aparentemente incongruentes sobre o comportamento de Itamar. 61% das pessoas acham que, antes de ser presidente, ele é um homem e não tinha como resistir a uma mulher como Lílian. Por sua vez, 52% acham que, sendo presidente, Itamar não poderia nem no Carnaval agir como um homem comum. 44% das pessoas discordam dessa afirmação.
Em relação à imagem do país no exterior, a maioria absoluta dos entrevistados (52%) considera que a atitude de Itamar influiu de forma negativa. 42% acham que a imagem do Brasil permanece inalterada e apenas 3% acreditam que ela melhorou depois do que se passou no Carnaval.

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