São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Sérvios saem; Otan mantém ameaça

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Funcionários da ONU disseram ontem que os sérvios estavam cumprindo sua promessa de levantar o cerco a Sarajevo 24 horas antes do fim do ultimato da Otan. "Uma boa quantidade de artilharia pesada e morteiros foi retirada da zona", afirmou Yakushi Akashi, enviado da ONU à Bósnia.
Os governos de EUA e França, no entanto, disseram que o ultimato da Otan para que os sérvios aliviem o cerco a Sarajevo até a meia-noite de hoje, sob risco de sofrerem bombardeios, continua em vigor. O chanceler francês, Alain Juppé, advertiu que a prometida retirada sérvia precisa ser comprovada.
O ultimato exige que os sérvios retirem todos os seus armamentos em um raio de 20 km a partir do centro de Sarajevo e os coloquem sob controle da ONU. A ONU havia sinalizado com a possibilidade de exercer este controle apenas com radares. Os EUA reafirmaram, porém, que a fiscalização deve ser "física" e que os aviões da Otan vão bombardear as posições sérvias que não estiverem guardadas pela ONU.
Os sérvios aparentemente decidiram respeitar as exigências da Otan após acordo com a Rússia, que prometeu em troca enviar tropas a Sarajevo. Sérvios e russos são tradicionais aliados e Moscou exerceu franca oposição aos possíveis bombardeios da Otan.
Cerca de 400 pára-quedistas da Rússia estacionados na Croácia foram colocados em alerta de duas horas pelo comando da ONU na ex-Iugoslávia, antes de partirem para Sarajevo. A ordem para o deslocamento deve ser dada provavelmente amanhã, disse a agência russa "Itar-Tass", porque ainda não ficou claro se as ameaças da Otan serão ou não cumpridas.
Um comunicado dos pára-quedistas, divulgado pela agência independente russa "Postfactum", havia dito que o país não enviaria tropas à capital bósnia se o ultimato não fosse cancelado. "Pode jogar este papel fora", disse um porta-voz do Ministério da Defesa da Rússia, acrescentando que os pára-quedistas não têm autoridade para fazer tais declarações.
Políticos muçulmanos da Bósnia encaram os soldados da Rússia como "força inimiga". Editorial do "The New York Times" exige que a ONU tenha total controle sobre as tropas russas em Sarajevo.

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Sobre a guerra na Bósnia na pág. 4

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