São Paulo, domingo, 20 de fevereiro de 1994
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Centros de poder "dividem" a Rússia

CLAUDIO GARON
DA REDAÇÃO

A instabilidade da situação na Rússia torna complicado falar em um governo em Moscou. O norte-americano Norman Gall, 60, diretor do Instituto Fernand Braudel de Economia Mundial, prefere falar em "centros de poder". Na Rússia de hoje, ele identifica três mais fortes: o presidente Boris Ieltsin, o premiê Viktor Tchernomirdin e o Banco Central.
Gall diz que o surgimento de um líder como Vladimir Jirinovski é um sintoma da consfusão reinante. Ele diz que Jirinovski é "uma típica figura que tem aparecido na história milenar da Rússia".
Questionado sobre o afastamento dos reformistas do governo por Ieltsin, Gall diz que o presidente russo não teve opção, a não ser ceder poderes efetivos aos grupos que se originaram dentro do regime comunista, como o liderado pelo premiê. Mas, diz Gall, Tchernormirdin terá de seguir muitas das políticas reformistas.
Se não mantiver o controle da inflação –conseguido graças ao controle dos gastos públicos, entre outras medidas–, Tchernormirdin pode "perder tudo". Recém-chegado da Rússia, Gall chega a dizer que, no caso de a inflação disparar, Ieltsin poderá dissolver o Congresso e convocar novas eleições.
Ex-professor visitante do Instituto de Relações Exteriores da Universidade Princeton (Costa Leste dos EUA), Gall falou à Folha sobre sua vista à Rússia. Segundo ele, o que mais impressiona é o aumento da mortalidade no país. Aliado a isso, a pobreza está levando famílias a deixar os corpos dos parentes nos necrotérios.
Para Gall, os habitantes da Rússia estão mais preocupado com sua sobrevivência diária do que com os russos que vivem nas demais repúblicas da ex-União Soviética.

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