São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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ONGs abandonam megaevento ambiental

MARCELO LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

Manchester, no Reino Unido, não é nenhum Rio de Janeiro. Não para as organizações não-governamentais, as ONGs que tomaram de assalto o aterro do Flamengo durante a Eco-92. Elas ficarão à margem do Fórum Global 94, que a cidade britânica realiza em junho, com o tema "Cidades e Desenvolvimento Sustentável". A crise entre ONGs e Manchester irrompeu no fim de janeiro e acabou na demissão de Warren Lindner, coordenador do superevento.
Sua saída coincide com o encolhimento do Fórum para o núcleo do encontro, "Cidades e Parceria", uma reunião de no máximo mil delegados de 50 municípios do mundo inteiro, entre elas São Paulo e Rio. Deixa assim de ser realizada o "Public Forum", feira que os "ongueiros" pretendiam erguer em Castlefield, um dos primeiros núcleos fabris do mundo.
Nada comparável, portanto, com as 400 mil pessoas que foram ao Flamengo em junho de 1992, atraídos pela biodiversidade oferecida por 18 mil organizações de 172 países. Era o que Lindner e as ONGs pretendiam repetir em Manchester. Foi isto, aparentemente, que assustou –em particular do ponto de vista financeiro– os representantes da municipalidade. No Rio, o Fórum Global deixou um prejuízo de US$ 1,5 milhão, que segundo as ONGs corresponde à parcela prometida e nunca paga pelo governo brasileiro.
Lindner, líder de uma espécie de central internacional de ONGs (o Centro para Nosso Futuro Comum, na Suíça), despachou ontem por correio eletrônico uma carta explicando a demissão, no último dia 4. Ele afirma que sua decisão tornaria mais fácil para a cidade de Manchester "perseguir seus objetivos para o Fórum Global 94 de uma maneira que seja mais adequada às necessidades locais e regionais e mais de acordo com os recursos financeiros esperados".
Segundo Steve Yolen, o diretor de comunicação do Fórum 94 que também se demitiu, foi a escalada dos custos que desfez a parceria Manchester/ONGs. A municipalidade exigiu que o orçamento inicial de US$ 12 milhões fosse reduzido para US$ 9 milhões e estabeleceu um teto de US$ 1 milhão para o eventual déficit. Inventou-se um festival de música popular para tentar atrair mais público. Vendo que ia perder o controle do evento, Lindner pediu as contas.

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