São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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Igreja da Inglaterra aprova que se ordenem "mulheres padres"

HUMBERTO SACCOMANDI
DE LONDRES

A Igreja da Inglaterra aprovou ontem a ordenação de mulheres. As primeiras "mulheres padres" do país serão ordenadas em março. A decisão dividiu os anglicanos. Sacerdotes que se opunham à medida realizaram uma manifestação ontem em Londres.
A alteração da lei eclesiástica foi um processo iniciado há cinco anos e concluído ontem pelo sínodo geral da Igreja da Inglaterra (nome oficial da igreja anglicana no país). As mulheres já podem ser diaconisas (grau imediatamente inferior a padre) há dois anos. Como padres, elas agora poderão, entre outras coisas, celebrar a comunhão.
A Igreja Católica não admite a ordenacão de mulheres. A justificativa teológica é que Jesus Cristo escolheu somente homens como discípulos. A ordenação de mulheres seria assim abuso das autoridades eclesiásticas sobre a doutrina religiosa.
A medida foi questionada até instantes antes da votação pelo sínodo. Do lado de fora do prédio, um grupo de sacerdotes dissidentes fez um enterro simbólico da Igreja da Inglaterra. O Vaticano se dispôs a acolher os dissidentes, abrindo inclusive uma exceção ao celibato, já que os padres anglicanos podem se casar. A decisão que permite a ordenação de "mulheres padres" é um obstáculo ainda maior para as negociações de reunião das igrejas anglicana e católica.
A primeira ordenação de mulheres no país acontecerá dia 12 de março em Bristol. Cerca de 1.400 mulheres estão na fila de espera para serem ordenadas. O arcebispo de Canterbury, líder religioso da Igreja da Inglaterra, pediu que a medida seja recebida com "um espírito de compreensão e sensibilidade".
História
A igreja anglicana foi criada no século 16, quando o rei Henrique 8º substituiu o papa como chefe religioso supremo no país e assumiu o poder de nomear bispos e arcebispos. A Igreja da Inglaterra faz parte da comunidade anglicana e o monarca, atualmente a rainha Elizabeth 2ª, continua sendo o líder secular.

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