São Paulo, quarta-feira, 23 de fevereiro de 1994
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Segurança cara

O Plano FHC conta com um forte aliado a seu favor: o alto nível de reservas internacionais. O mês de janeiro foi marcado por um recorde na entrada de dólares no Banco Central, cerca de US$ 3,5 bilhões, e as estimativas para fevereiro são superiores a US$ 3 bilhões. Como o plano em andamento deve contar com alguma ancoragem cambial, tal dado é de extrema importância.
O resultado de dezembro quanto ao nível das reservas dá conta de um número superior a US$ 32 bilhões no conceito de liquidez internacional. Se se adicionarem a esse valor as entradas no BC de janeiro e as estimativas para fevereiro e se se excluírem os pagamentos feitos pelo país, obtém-se um total de reservas para o fim do mês em torno de US$ 38 bilhões. Embora preliminar, o número mostra a grande margem do BC quanto à taxa de câmbio.
Essa cifra pode ser explicada por vários motivos. O principal parece ser um forte desempenho comercial –basta lembrar que em 93 as exportações superaram as importações em US$ 13 bilhões. Além disso, as altas taxas de juros e as Bolsas estão atraindo capitais de todo o mundo, não apenas o chamado "hot money", altamente especulativo, mas também investimentos supostamente de maior permanência.
Porém, embora essa quantia de dólares no BC seja certamente importante para o Plano FHC, é preciso que se saiba que representa um custo muito elevado para o país. Afinal, esses dólares do BC rendem juros muito baixos para o governo, de aproximadamente 2,5% ao ano.
No entanto, o governo paga cruzeiros reais para ficar com os dólares. Para que não haja uma explosão no volume de cruzeiros reais em circulação, o BC emite títulos sobre os quais paga taxas de até 25% reais ao ano, muito superiores às que recebe por seus dólares. Há estimativas de que o custo anual de manutenção das reservas supera US$ 8 bilhões, cerca de 2% do PIB. Ou seja, se os dólares no BC representam uma segurança para o governo, não há dúvida de que o país está pagando bem caro por isso.

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