São Paulo, quinta-feira, 24 de fevereiro de 1994
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'O esporte não precisa de Pelé'

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

O presidente da Fifa, João Havelange, não se arrependeu de ter riscado o nome do ex-jogador Pelé da lista de convidados para o sorteio das chaves da Copa do Mundo, realizado em dezembro passado, em Las Vegas. "Pelé não é presidente de confederação ou de clube, portanto sua presença não era obrigatória. Sua única ligação com o futebol atualmente é como empresário. Aliás, o esporte não precisa da figura do Pelé. Sobram personalidades", disse Havelange, em Nova York, durante uma entrevista coletiva, no seminário da Fifa para técnicos e dirigentes das seleções que vão disputar a Copa do Mundo.
Procurado pela Folha, em Santos, o ex-jogador Pelé não foi encontrado.
"Se eu quisesse convidar algum empresário para o sorteio, saberia quem chamar."
O dirigente brasileiro garantiu que a exclusão de Pelé da cerimônia do sorteio, fato que despertou críticas em todo o mundo, não vai servir de contestação à sua candidatura na reeleição na Fifa. "Pelé não pode votar. Suas opiniões também não têm importância porque ele não tem ligação alguma com o futebol. Hoje não passa de um publicitário, um empresário. E, mesmo sem sua presença, o sorteio foi um sucesso, com todos os presentes aplaudindo de pé a cerimônia." O presidente da Fifa queixou-se da atitude do ex-jogador, que denunciou a existência de corrupção na CBF, entidade presidida por Ricardo Teixeira, genro de Havelange. Segundo o dirigente, Pelé, "a quem sempre tratei como um filho", o desrespeitou, criando um clima de infidelidade na amizade que mantinham. "Sou um presidente legitimamente eleito. Mereço respeito."
A atitude de Pelé, acredita o presidente da Fifa, não foi apenas um desrespeito à sua família. "Ele sujou o nome do futebol mundial", disse Havelange. "As acusações dele (Pelé) serão julgadas pela Justiça brasileira, que deve dar alguma resposta na próxima segunda-feira."

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