São Paulo, segunda-feira, 28 de fevereiro de 1994
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Os jovens de hoje sabem escrever?

DA REPORTAGEM LOCAL

Basicamente, é preciso saber a diferença entre falar (e escrever) bem e falar (e escrever) difícil. Todos os especialistas são unânimes em afirmar que falar bem é falar de modo que todos entendam, isto é, de forma fácil.
Evidente que há certas normas da língua que devem ser respeitadas, em especial na língua escrita, sempre mais "lenta" para aceitar novidades do que a língua falada. Ortografia, concordância e pontuação corretas serão sempre bem-vindas em um texto.
Por outro lado, os filólogos (especialistas no estudo do idioma) já não consideram tão grave os erros em uma conversa entre amigos, por exemplo. Acontece que a língua é algo vivo, em constante evolução. Desta forma, o que hoje é considerado errado –gírias, neologismos e simplificações– em alguns anos pode ser incorporado à língua culta. A língua falada é sempre a primeira a incorporar estas mudanças.
Mais importante do que a correção é a clareza. E o que mostra pesquisa com as redações da Fuvest de 78 e de 89 (leia a respeito na capa do caderno) é que os jovens (ou os vestibulandos, pelo menos) conseguem ordenar melhor as suas idéias, hoje.
Um outro dado otimista diz respeito aos números do analfabetismo no Brasil. O censo de 1991 indicou 20,02% de analfabetos (quase 30 milhões de pessoas). Entre a população com mais de 14 anos, cerca de 18% é analfabeta. Em 1980, por exemplo, este índice era de 25%.
Mesmo que tenha diminuído o número de analfabetos, deve-se considerar que a) este número ainda é bastante grande –há países onde praticamente não há adultos analfabetos–; e b) muitos adultos formalmente alfabetizados não têm desenvoltura para ler e escrever correntemente. Na prática, é como se continuassem analfabetos.

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