São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Condenados 4 por bomba no WTC

FERNANDA GODOY
DE NOVA YORK

Culpados. Após mais de um ano de espera e cinco meses de julgamento, Nova York ouviu ontem o veredicto contra os quatro acusados pelo atentado a bomba de fevereiro de 93 contra o World Trade Center. Os palestinos Mohammed Salameh, Ahmad Ajaj e Nidal Ayyad e o egípcio Mahmud Abouhalima estão condenados a passar o resto da vida na prisão.
As sentenças só serão anunciadas em dois meses, mas a condenação por 11 crimes –incluindo conspiração terrorista e bombardeio–, sem direito a liberdade condicional, equivale à pena de prisão perpétua.
Havia silêncio no tribunal quando o júri começou a anunciar os veredictos dos quatro acusados. Ao perceber que estavam sendo condenados de A a Z, os quatro passaram a rir nervosamente. O irmão de Nidal Ayyad chamou os jurados de "mentirosos" e Mohammed Salameh protestou contra o que chamou de injustiça. Ao deixar o tribunal, os quatro gritaram "Alá é grande", em árabe.
Os 12 jurados levaram cinco dias para digerir a avalanche de provas e depoimentos de 207 testemunhas que passaram pelo tribunal durante cinco meses de julgamento. O júri examinou o caso de cada acusado individualmente, o que deu a impressão de que os veredictos poderiam ser diferenciados. Houve surpresa no tribunal ao se constatar que foram idênticos. Ahmad Ajaj, por exemplo, estava preso desde setembro de 92 (cinco meses antes da explosão) por tentar entrar no país ilegalmente.
Vetereno da guerra do Afeganistão, Ajaj viajava com Ramiz Yousef, considerado o mentor da conspiração para explodir o WTC. Yousef fugiu dos EUA horas após o atentado. É iraquiano e acredita-se que tenha voltado a seu país. O Departamento de Estado ofereceu US$ 2 milhões por informações que levem à sua captura.
Os advogados de defesa já anunciaram que vão apelar. "O governo vazou todas as provas desse caso para a imprensa antecipadamente, criando uma publicidade que impediu um julgamento justo para meu cliente", disse Robert Precht, advogado de Salameh.

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