São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Inkatha se registra na África do Sul

DAS AGÊNCIAS INTERNACIONAIS

Após meses de resistência, o Partido da Liberdade Inkatha (zulue conservador) decidiu ontem se registrar para as primeiras eleições multirraciais da história da África do Sul. A Frente do Povo Africâner (branca e conservadora) também se registrou ontem, 15 minutos antes do prazo final. Mas os dois grupos impuseram condições e disseram que o registro não significa necessariamente participação nas eleições.
O Comitê Central do Inkatha se reuniu por seis horas em Ulundi e manteve as exigências de mediação internacional em suas demandas por emendas constitucionais.
O partido também exige adiamento da data das eleições –que acontecem entre 26 e 28 de abril–, afirmando que "as eleições devem ser disputadas em igualdade de condições". A campanha começou em janeiro.
Negros e brancos conservadores do país, reunidos na Aliança da Liberdade, exigem a criação de áreas independentes do poder central que será constituído depois das eleições. Na prática, eles querem a manutenção do regime de bantustões, áreas negras declaradas independentes durante o apartheid, o regime de segregação racial.
O Inkatha exige mediação internacional para que estes assuntos sejam incluídos na Constituição provisória do país por meio de emendas. Nelson Mandela, líder do Congresso Nacional Africano (CNA), aceitou as exigências dos zulus em reunião anteontem com o líder Mangosuthu Buthelezi. O CNA é o maior grupo negro do país e favorito para as eleições.
O general Constand Viljoen, ex-ministro da Defesa, registrou a sua Frente do Povo Africâner sob o nome de Frente Liberdade e disse que o fazia em caráter pessoal "em antecipação a possíveis resultados das negociações". Os partidos têm até quarta-feira para indicar um candidato.
"Sentimos que podemos alcançar uma solução de consenso para os problemas por meio de negociação. É uma decisão muito importante e a consideramos bem-vinda", disse a porta voz do CNA, Gill Marcus. Mas, segundo ela, a data da transição entre o governo da minoria branca para a democracia não será alterada: "A data das eleições não vai mudar". O líder do grupo de direita Aliança da Liberdade (que reúne conservadores negros e brancos), Rowan Cronje, disse aprovar a resolução.
A participação dos zulus (maior etnia do país) é considerada fundamental para que o processo eleitoral transcorra em paz. Nos últimos quatro anos, mais de 14 mil pessoas morreram por causa da violência política.

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