São Paulo, sábado, 5 de março de 1994
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Turbulência global

Na semana passada a economia mundial foi sacudida por turbulências financeiras e econômicas que tornam ainda mais incerto o seu futuro imediato. Houve más notícias em todos os quadrantes.
Os olhares estão voltados principalmente para o movimento da economia norte-americana, na qual estão depositadas, hoje, as esperanças de retomada do crescimento global. Entretanto, um paradoxo: o banco central dos EUA receia que um reaquecimento exagerado tenha de ser pago com inflação e pretende, antes mesmo de os preços sofrerem alta significativa, eliminar esse risco elevando preventivamente as taxas de juros. Assim foi no início de fevereiro.
Na semana passada, divulgado um crescimento recorde nos EUA, aumentaram os temores de nova decisão nesse sentido. Uma alta dos juros tem não apenas o efeito de desaquecer a economia mundial ao longo do tempo como, mais imediatamente, deprime as Bolsas. A turbulência se propaga como uma onda e vem bater nas nossas praias. As Bolsas brasileiras foram afetadas na última semana por uma retração dos investidores estrangeiros, reflexo de estratégias defensivas nos mercados dos países centrais.
Além do temor de alta dos juros nos EUA, a economia mundial foi surpreendida por notícias de descontrole monetário na Alemanha –isso seria motivo para outra elevação de juros ou, pelo menos, impediria sua queda numa economia já bastante abalada.
Completando o quadro de notícias preocupantes, revelou-se que a economia japonesa continua fortemente superavitária. Esse resultado animou o governo dos EUA a reeditar a Super 301, legislação que abre a possibilidade de medidas protecionistas unilaterais.
Ninguém está assustado ao ponto de imaginar catástrofes, mas a perspectiva de alta de juros, instabilidade nas bolsas e a inquietação na Alemanha e no Japão fizeram do planeta, na semana passada, um lugar mais instável.

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