São Paulo, domingo, 6 de março de 1994 |
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Negociação envolve NTNs
NILTON HORITA
A poposta foi apresentada durante almoço na terça-feira passada reunindo os dez maiores banqueiros do país com a equipe econômica, em Brasília. Escaldados, os banqueiros esperavam receber decisões já embaladas e resolvidas. Para surpresa geral, não foi nada disso. A conversa se prolongou por mais de duas horas e meia, em ambiente descontraído. O ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, deu o tom da conversação logo de início: "O plano é isso, mas o que vocês acham?" Os banqueiros argumentaram, cada um a seu modo, que o plano é bom. Mas lembraram que não poderiam realizar a prática básica do desconto de duplicatas em URV, que o comércio e a indústria passariam a fazer, sem haver a possibilidade de captar recursos da economia também em URV. Depois desse almoço, ficou acertado que banqueiros, entidades como Andima (Associação Nacional das Instituições de Mercado Aberto) e Anbid (Associação Nacional dos Bancos de Investimento e Desenvolvimento) permaneceriam em contato para discutir a evolução do programa econômico. Os banqueiros lembraram que o mercado iria entrar em uma fase de conturbação, até acertar os ponteiros da troca dos títulos prefixados pelos outros, pós-fixados. "O diálogo com as autoridades flui com naturalidade e respeito", conta Alcides Lopes Tápias, presidente da Febraban (Federação Brasileira das Associações de Bancos). "Esta semana foi muito útil." Só na sede da Febraban foram realizadas 15 reuniões setoriais para discutir o plano e como negociar sua implantação para o mercado financeiro. Segundo Carlos Fagundes, presidente da comissão de captação da Febraban, o BC já deve iniciar a sinalizar como será a implantação da URV no mercado. "Se isso não ocorrer, o mercado vai parar", afirma. Entre os contatos mantidos pelos bancos, a pergunta mais ouvida pelas autoridades foi se o governo iria realizar a conversão da moeda quando a paridade com o dólar chegasse a CR$ 1.000. "Esqueçam isso", disseram, em resposta, representantes dos mais variados escalões do governo. Por essa razão, parte do mercado financeiro já começa a apostar que a conversão se dará quando o dólar chegar aos CR$ 2.000, o que deve ocorrer entre o final de maio e início de junho. Texto Anterior: Mercado e BC divergem sobre taxas Próximo Texto: Carteira consegue rentabilidade real de 2,19% Índice |
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