São Paulo, domingo, 6 de março de 1994
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Popov acredita na Rússia em 96

MÁRIO MAGALHÃES
DA SUCURSAL DO RIO

A Rússia, uma das 15 repúblicas da extinta União Soviética, pode sozinha vencer a Olimpíada de 1996 em Atlanta (EUA). A opinião é do nadador russo Alexander Popov, 22, em entrevista exclusiva à Folha.
Popov é hoje o maior astro da natação mundial. É o número 1 do ranking da mais nobre das provas do esporte: os 100m livres. Conquistou a medalha de ouro na Olimpíada de Barcelona (piscina de 50m) e há dois meses quebrou o recorde mundial da prova em piscina curta (25m de extensão). Mora na Austrália, onde acompanha seu técnico.
Com altura de 1,97m e peso de 88 kg, Popov é a maior atração do I Coca-Cola/Vitambé Swimming Cup, primeiro torneio de natação disputado numa piscina de 25m construída em praia. A competição termina hoje. A seguir, os principais trechos.
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Folha - A maioria das repúblicas da ex-União Soviética, unidas, venceu a Olimpíada de Barcelona em 1992. Sozinhos, os russos vão fracassar em Atlanta-96?
Alexander Popov - Claro que não. Este é um raciocínio estúpido. A Rússia sozinha tem uma força muito grande. Temos jogadores de basquete nos Estados Unidos, de hóquei no Canadá, nadadores em vários países. Mas todos vão concorrer pela Rússia, que manterá uma equipe forte.
Folha - Por que você foi morar na Austrália?
Popov - Para acompanhar o meu técnico. Lá tenho condições de treinamento iguais à da Rússia.
Folha - As mudanças políticas e econômicas em seu país podem levar o profissionalismo ao esporte?
Popov - Isso não sei. O fato é que, vivendo em outros países, nossos desportistas continuarão competindo pela Rússia, o que manterá o país como uma potência esportiva.
Folha - O maior fenômeno da natação contemporânea é a China, especialmente entre as mulheres. Você acredita que o segredo desse sucesso é o doping?
Popov - Não creio, não gostaria de falar sobre isso. Acredito que há um programa de treinamento muito bom, bem-sucedido, que funciona.
Folha - Quando você começou a nadar?
Popov - Aos nove anos, depois de assistir na TV à Olimpíada de Moscou. Fiquei impressionado e fui nadar.
Folha - Você espera bater algum recorde no torneio da praia do Leme?
Popov - É muito difícil devido ao fuso horário superior a 12 horas. Cheguei quinta-feira à noite, estou cansado. Mas não é impossível. Meu maior objetivo agora é quebrar o recorde mundial nos 100m livre em piscina de 50m.
Folha - Você tem ídolos na natação?
Popov - Nunca tive. Sempre dou um conselho a jovens atletas: é preciso ter autoconfiança, nunca se comparar a outros.
Folha - O que achou da piscina montada na praia com fibra plástica?
Popov - Muito interessante, bem legal, engraçado.
Folha - Você tem opinião sobre a natação brasileira?
Popov - É muito boa em velocistas. Acho que, evoluindo um pouco, eles podem ir muito bem nos Jogos de Atlanta.

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