São Paulo, domingo, 6 de março de 1994 |
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Obra do pintor inclui gravuras, contos e ensaio
AUGUSTO MASSI
A segunda parte traz textos mais recentes, carregados de ironia e negatividade. Entre eles cabe destacar "O Mosquito", síntese da atmosfera do primeiro conjunto de histórias. Um homem vai fazer a barba e vê um mosquito no banheiro: "É apenas um traço vertical, minúsculo risco a creiom, na alvura vítrea do azulejo." Pensa em aniquilá-lo com um golpe de toalha. Reconsidera: "Olho para a parede. O mosquito não está mais lá, não está em nenhum lugar. Vive por uma distração de Deus." Iberê não escreve para se distrair da pintura. Escreve porque persegue uma "vida mais densa". O interesse de Iberê pela gravura começou na década de 40, quando pôde folhear um álbum de Zorn (Anders Leonard). O próximo passo foi travar contato com Hans Steiner, no Rio de Janeiro, quando comprou uma prensa e começou um longo aprendizado. Se no campo da pintura Iberê estudou com mestres como André Lhote, De Chirico e Guignard, no terreno da gravura foi aluno de Carlos Alberto Petrucci, em Roma, em 1948. Além disso aprendeu muito nas conversas parisienses que tinha com o amigo e gravurista Mário Carneiro. Este manual "A Gravura" (Sagra, 86 págs., CR$ 5.900) que foi publicado em 1992 é o resultado concreto e generoso das atividades de Iberê como professor. Entre outros esforços, Iberê fundou em 1953 o curso de gravura em metal no Instituto Municipal de Belas Artes no Rio de Janeiro, e administrou diversos cursos em Porto Alegre e Montevidéo. A vontade de aprender e ensinar levou Iberê, gravador já consagrado, a realizar um estágio no "Atelier Lacourière", em Paris em 1973. Texto Anterior: Iberê sintetiza história da figura Próximo Texto: Derrida usa Marx para atacar neoliberalismo Índice |
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