São Paulo, domingo, 6 de março de 1994 |
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Franceses temem o controle da mídia
FERNANDA SCALZO
Segundo pesquisa publicada na revista "Globe Hebdo", 58% dos franceses consideram ruim e "uma ameaça à liberdade de informação" a concentração da mídia nas mãos de grandes grupos. Outros 29% consideram isso "uma coisa boa, que pode favorecer a modernização da mídia". Cerca de dez grupos, em alguns casos interligados, controlam a mídia na França. O pacto dos acionistas do Canal + só se tornou possível com a aprovação da nova lei sobre os audiovisuais, no mês passado. A lei do ministro Alain Carrignon passou de 30% para 49% o limite de controle de uma rede privada. Isso vai permitir ao grupo Havas tornar-se um poderoso pólo audiovisual na França. E sua recente associação com a France Télécom (a estatal de telefonia e satélites, que deve ser privatizada em breve) também fortalece a França frente às "megafusões" americanas. Em 1992, o mercado mundial de audiovisual foi estimado em US$ 289 bilhões e a formação de grandes conglomerados parece ser uma tendência irreversível para o século 21. Junto com o imperativo econômico, a política também começa a contaminar as redes francesas, que até 1984 eram todas estatais. Silvio Berlusconi e sua rede italiana, bem como Roberto Marinho e a Globo, foram os exemplos citados em todas as reportagens sobre o "golpe do Canal +". Além do possível fim da autonomia do Canal +, inquieta os franceses o crescimento da TF1, a rede de maior audiência (41%), que detém 55% do mercado publicitário em TV. Em junho, a TF1 lança dois canais por cabo: um de notícias 24 horas, para concorrer com a CNN, e um de telecompras. "E se a TF1 resolver eleger um candidato ou criar um partido?", é o que preocupa os franceses. Texto Anterior: Iranianos, em silêncio, sonham com um novo xá Próximo Texto: Quem é quem na mídia francesa Índice |
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