São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994
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Corinthians reage e evita uma goleada

DA REDAÇÃO

O jogo de ontem à tarde no Morumbi foi realmente dividido em dois tempos de 45 minutos. No primeiro, o São Paulo foi quase perfeito, mandou na partida, fez seus dois gols e desperdiçou outros, que poderiam ter garantido a vitória. No segundo, o Corinthians tomou a caneta das mãos do adversário e escreveu a história da partida; fez seus dois gols e chegou ao empate que, talvez, nem mesmo seus mais fanáticos torcedores, entre uma cerveja e outra, no intervalo do jogo, pudessem acreditar. No final, o empate em 2 a 2 acabou sendo justo, mas o São Paulo brincou com a sorte, especialmente no segundo tempo, quando se entregou ao adversário.
Que a camisa do Corinthians contagia o mais apático dos jogadores de futebol, que sua torcida é realmente o décimo segundo jogador que todo time gostaria de ter, tudo isso é sabido. Foi assim mais uma vez na tarde/noite de ontem, no Morumbi.
Mas o fato que chamou bastante a atenção foi a "pregada" que o São Paulo deu no segundo tempo. Parecia que eram eles, são-paulinos, que tinham acabado de chegar de uma viagem de quase um dia desde o Japão e tentavam driblar uma diferença de 12 horas no fuso horário –e não o Corinthians.
Enquanto teve pernas, o São Paulo não deu chances ao adversário. Construiu várias jogadas de gol, mas foi competente em apenas duas delas. Deixou o campo, ao final do primeiro tempo saudado pela sua torcida, dando a impressão de que, no segundo, com o Corinthians sentindo o cansaço da viagem ao Japão, iria concretizar o triunfo que parecia certo alcançando uma daquelas vitórias que acabam sendo batizadas de históricas.
Não foi isso, todavia, o que aconteceu. O Corinthians voltou transformado e pintou com suas cores o quadro do segundo tempo.
O técnico Carlos Alberto Silva fez uma modificação óbvia no intervalo. Tirou o ineficiente Embu do meio-campo, que nada fazia, e colocou o atacante Marques. O novato jogador foi para frente, encostou em Viola e Tupãzinho e deu confiança ao time.
É bem verdade que o Corinthians poderia ter "beijado a lona" aos 6min do segundo tempo, quando o meia Leonardo carimbou o travessão de Ronaldo, numa cobrança ensaiada de falta. Mas isso não aconteceu e a equipe, aos poucos, foi ganhando consistência e confiança.
Chegou ao primeiro gol, mas logo a seguir sofreu o baque da expulsão de Elias, correta. Mas no dicionário corintiano não existe a palavra desistir. Mesmo com um jogador a menos, o time continuou no ataque até chegar ao empate, merecidamente.
Não fosse as expulsões de Gralak e Muller –que deixou o time com nove jogadores, que acabaram se cansando ao tentar ocupar os espaços do Morumbi– e talvez o Corinthians chegasse, ele sim, à tal da vitória histórica.

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