São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994
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Para técnico, equipe vence o cansaço

UBIRATAN BRASIL
DA REPORTAGEM LOCAL

O técnico Carlos Alberto Silva, do Corinthians, deixou o campo do Morumbi hipnotizado com o resultado do clássico –o 2 a 2 que estampava o placar eletrônico era a mostra do que ele considerava a força de seu time. "Vencemos o cansaço, as improvisações, a violência, a pressão adversária e até a falta de jogadores", disse o treinador. "Pena que só não vencemos o clássico. A garra do time foi fundamental; é isso que me motiva a continuar trabalhando." O alívio de Carlos Alberto redimia também um erro tático seu, ao recuar, por prudência, Moacir para a zaga e escalar Embu no meio. Com essa formação, o Corinthians sofreu dois gols no 1º tempo por não ter ninguém que preenchesse o corredor do meio até a área adversária.
O erro foi fruto de uma série de problemas. Além de enfrentar o peso do fuso horário provocado pela viagem de retorno ao Japão (a maioria dos jogadores acordou ontem às 5 horas da manhã), o treinador viu confirmadas duas ausências: Wilson Mano e Henrique não se recuperaram de contusão e foram vetados pelo médico Joaquim Grava. "Eles não aguentam nem um tempo de jogo", disse o médico ao treinador. O risco de tragédia existia ainda pelas dúvidas na escalação de Viola e Tupãzinho.
Com a confirmação desses dois últimos, Carlos Alberto Silva decidiu apostar no considerava mais prudente. Formou a zaga com Gralak e Moacir, recuado do meio, e colocou Embu no meio. "Moacir tem boa noção defensiva", justificou o treinador. "Só não tenho experiência nessa posição", reclamou o jogador, que atuava pela primeira vez na zaga. "Vou bem nas bolas altas, mas tenho problema nas rasteiras."
A improvisação não surtiu efeito, como reconheceram os próprios jogadores. "Errei muitas bolas no começo, por falta de entrosamento com o Moacir", observou o zagueiro Gralak, que falhou tanto no desarme como na armação de jogadas. Com Viola sentindo a contusão no ombro direito ("Quando disputei uma bola com o Válber, a dor foi muito forte"), o ataque corintiano só era construído na ponta direita, com as descidas de Marcelinho. "Corri muito, mas normalmente ficava cercado e não conseguia dar seguimento à jogada", lamentou-se.
Durante o intervalo, Carlos Alberto Silva conseguiu indicar o rumo ao time, que sentia o peso da desvantagem. "Não temos nada a perder. Vamos mostrar que não vai ser tão fácil assim", disse aos jogadores. Prudente, Silva orientou ainda Zé Elias a abandonar a lateral esquerda, onde se isolou, e comandar as jogadas pelo meio. Mais: trocou Embu por Marques, que preencheu o corredor do meio. "De repente, ficou mais fácil ver camisas brancas em campo", brincou Viola. "A velha garra corintiana passou a funcionar e arrancamos o empate."

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