São Paulo, segunda-feira, 7 de março de 1994 |
Texto Anterior |
Próximo Texto |
Índice
Heróis dos quadrinhos se encontram em SP
ROGÉRIO DE CAMPOS
A lista de artistas convidados nem é tão grande. São apenas cinco nomes (ver quadro ao lado), mas que representam bem o que foram os últimos 60 anos dos quadrinhos nos EUA. O grande astro é Jules Feiffer, o principal nome do quadrinho adulto dos EUA. O paradoxo é que Feiffer não tem nenhuma relação com o gênero "super-heróis", que dá nome ao evento. E não é só ele que fica como estranho nesse ninho: o veterano Will Eisner, que já esteve no Brasil em 91, por exemplo, passou quase toda sua carreira se esforçando para manter distância dos super-heróis, preferindo os homens comuns das grandes cidades como personagens. O outro veterano, Joe Kubert, será sempre mais lembrado por suas HQs de guerra que por seus gibis de super-heróis. Até o mais "jovem" da turma, Howard Chaykin, nunca disfarçou seu mau humor com o gênero , preferindo histórias de ficção científica recheadas de mulheres fatais. Ironicamente, o convidado mais íntimo do mundo dos super-heróis norte-americanos é um argentino, José Delbó, que já desenhou de Batman a Homem-Aranha. Mas que fã vai perder seu tempo para reclamar das incoerências desta convenção? Negócios A Super Heroes Comic-Con é o segundo evento de quadrinhos organizado no Brasil de importância internacional. A comparação com a Bienal Internacional de Quadrinhos que acontece no Rio de Janeiro (cuja segunda edição foi em novembro de 93) é inevitável, ainda que os organizadores do Comic-Con peçam "por favor" para que se evite a comparação. "Não queremos criar um clima de rivalidade", diz Mauro Martinez dos Prazeres, da organização. "Estamos todos interessados em divulgar os quadrinhos". A diferença em relação à bienal carioca é expressa em uma palavra por um dos organizadores: "Negócios", responde Alex Lipszyc, da Escola Panamericana de Arte. "Esta convenção tem um enfoque maior para o quadrinho comercial", diz Mauro Martinez dos Prazeres. Estarão aqui para o evento, diretores da DC Comics e Marvel, as duas maiores editoras de quadrinhos dos EUA, que não vem aqui para ver poster do Homem-Aranha. Enquanto os fãs estiverem babando com os 25 bonecos com as figuras dos super-heróis de 2,30 metros ou correndo atrás de autógrafos, os tais executivos estarão fazendo suas reuniões com editoras e empresas que negociam merchandising. A tentativa é de recuperar posições perdidas: o mercado brasileiro já foi o segundo maior do para os quadrinhos norte-americanos. Pirâmide Para os desenhistas brasileiros, essa convenção tem um interesse especial: é a chance de ter contato direto com as grandes editoras norte-americas. A esperança de muitos é conseguir entrar no mercado dos EUA. Uma possibilidade que não é tão remota. Afinal, hoje a maior parte dos quadrinistas brasileiros que não fazem gibis infantis nas editoras brasileiras trabalha para o mercado norte-americano. Gente como Marcelo Campos (Liga da Justiça), Carielo (responsável pela transposição de "A Rainha dos Condenados", de Anne Rice para HQ) e Hector Gomez (que desenhou histórias de Clive Barker), vivem essa situação exótica de terem mais leitores nos EUA que no Brasil. O evento faz parte das comemorações dos 30 anos da Escola Panamericana de Arte, uma das maiores do mundo. E inaugura uma pirâmide de vidro de proporções iguais às da pirâmide de Queóps, no Egito. Essa pirâmide tem três andares, custou US$ 12 milhões, foi obra da construtora francesa Dumez, a mesma responsável pela pirâmide do Louvre, em Paris. Henrique Lipszyc, dono da Escola Panamericana, planeja manter a construção e transformá-la em um centro cultural. Evento: 1ª EPA - Super Heroes Comic-Con (convenção de quadrinhos) Abertura: hoje, às 20h Onde: Escola Panamericana de Arte (rua Groelândia, 77, Jardim Europa, zona sul de SP) Texto Anterior: Edson Alves lança CD no Vou Vivendo Próximo Texto: Exposição traz os 25 maiores Índice |
Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress. |